Encarando a reação da filha, Humberto decide reunir forças e contar a
verdade dos fatos.
- Pelo visto, parece que as notícias já chegaram aos seus ouvidos. Eu não
sei como te passaram essa informação, mas tudo bem: não importa! – Diz o
empresário, sério olhando fixamente pra ela que já cruza os braços, indignada.
- Você sempre me escondendo as coisas. Realmente, meu pai nada mais me
impressiona vindo do senhor. Há anos faz isso com a nossa família,
principalmente com minha mãe que eu perdi muito cedo.
- Não me venha colocando sua mãe no assunto. E tem coisas sim que
prefiro guardar pra mim, mas essa história da Daniela me pegou de surpresa pois
eu não sabia até a própria Wanda me contar.
- Sempre aquela mulherzinha no caminho. Será que ela não se cansa de
correr atrás do senhor, não?
- Olha o jeito que você fala da Wanda. Eu não admito que fale mal dela!
- Eu não quero ela enfiada dentro dessa casa, entendeu Se ela entrar
nessa mansão, eu caio fora daqui pra bem longe.
Nesse momento, Humberto dá um sorriso e responde, ironicamente:
- Você não tem pra onde ir, Veronica e além do mais, não vai querer
largar seus luxos a troco de nada.
- O senhor não me provoca, meu pai! Agora me conta: porque se aproximou
daquela garota? Eu tenho ódio dela que o senhor nem imagina.
- Aquela garota se chama Daniela e eu queria entender agora como vocês
se conhecem.
- Ela foi namorada do Yuri. Eu a vi com ele e por isso a gente terminou.
- Agora entendo tudo. Foi o Yuri que te contou que eu e ela nos vimos né?
- Sim. Eu preciso saber, meu pai da verdade: o que aquela garota tem a
ver contigo?
- Tudo, Veronica. Ela é filha da Wanda e minha filha. – Diz Humberto, declarando
para surpresa da jovem.
A jovem se rebela com o empresário de uma tal forma que o impressiona.
- Isso não! Aquela garota não!!
E Veronica sai correndo do escritório, deixando o pai atordoado.
- Veronica, volta aqui!
A jovem sai correndo da mansão em disparada e encontra Yuri no cais.
- Yuri!! Me ajuda!
- Veronica, que houve?
- Sem perguntas. Quero que me leve a um lugar e agora! – Diz ela,
subindo na lancha depressa.
Yuri decide dar a partida em seguida.
Humberto chega no cais correndo e não consegue alcançar a filha e os seguranças
se aproximam dele.
- Tarde demais! Ela já foi com ele. Não quero ver esse rapaz perto da
mansão, entenderam?
Mirella fica feliz ao saber que Dani conhecera o pai pessoalmente e a
jovem agradece a amiga por todos os favores que ela fez. As duas amigas se
abraçam fortemente.
- Você merece tudo de bom, Dani! – Diz Mirella.
- Obrigada de coração!
- Bom, mudando de assunto...
- Ihh! Já até sei o que vai dizer.
- O Ronaldo deu notícias?
- Por enquanto, não! Eu tentei falar com ele pra contar da novidade, mas
não consegui ainda. – Diz Dani, um pouco chateada.
- Deve estar ocupado. Logo, ele entra em contato.
- Pode ser. Estou torcendo para que ele também encontre o avô.
- Impressionante essa coincidência entre vocês. Parece que nasceram um
pro outro.
- Não fale besteiras. Ronaldo ama Rafaela e eu sou apenas uma amiga pra
ele.
- Não é o que o seu coração diz, Dani.
- Deixa de bobagem. – Diz Dani, fazendo Mirella sorrir.
Algumas horas depois, a campainha da casa de Wanda toca e a mulher
decide atender. Ao abrir, ela dá de cara com Veronica que fica com um olhar
fulminante de raiva.
- Mas não é possível que eu não tenho sossego. Você por aqui outra vez?
- Eu jurei pra mim mesma que nunca mais lhe procuraria, mas não tive
escolha. Quem é você pra entrar no meu caminho, depois de anos?
- Eu que te pergunto: quem é você pra falar desse jeito comigo na minha
casa?
- Eu sou filha de Humberto Fontana e tenho direito de dizer algumas
verdades que você merece ouvir.
- Sei! Você veio aqui falar algumas verdades pra mim, certo? Bom saber
por que eu também tenho algumas verdades pra você e uma delas é o seguinte: você
pode ter quanto dinheiro for, que eu jamais vou abaixar a minha cabeça pra você
ouviu bem?
- Mas que atrevida! Está totalmente errada e ainda, se faz de certinha.
- Errada em que, hein minha filha? Me fala: o que eu fiz de errado pra
você?
- Primeiro, analisa o passado. Você traiu a minha mãe com o meu pai e
agora, está tentando se dar bem enfiando uma história na cabeça dele que gerou
uma filha dele.
- Isso não é historinha, meu anjo! Pura verdade! Eu tive uma filha com o
seu pai, sim e eu confesso que foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida e
a gente não quer nada dele, não! A única coisa que a minha filha queria já se
concretizou: ela encontrou o pai e os dois já se acertaram.
- Você e sua filha não vão me tirar nada que eu tenho, ouviu bem?
- Quem não deve, não teme! Tem tanto amor pelo papaizinho querido assim
ou deseja algo mais que isso?
- O que você está insinuando?
- Eu não sou boba, Veronica. Por amor ao poder, se faz tudo. E você
deixou claro isso desde a nossa primeira conversa.
- Eu quero você e a sua filha longe do meu pai. – Diz Veronica, séria.
- Longe do seu pai e do seu dinheiro. – Completa Wanda, sem medo.
- Isso aí! Que bom que entendeu meu recado.
- Vou te falar só uma coisinha muito importante.
Veronica volta a encara-la seriamente.
- Você pode achar que o jogo está ganho, mas na verdade só está apenas
começando. O mundo dá voltas, Veronica e não adianta você deter o que pode vir.
- Se isso é um jogo pra você, então saiba que eu não nasci pra perder. –
Diz a jovem, saindo da porta afora.
Wanda fecha a porta e fica pensativa.
“Ela não vai desistir do que quer.”
Veronica sai da casa de Wanda furiosa e Yuri a questiona:
- Como foi a conversa?
- Péssima!
- Wanda é uma mulher bem tinhosa. Não devia ter vindo.
- Eu vou colocar mãe e filha no seu devido lugar. Elas que me aguardem!
- Veronica, às vezes você fala de um jeito que me assusta.
- Ninguém vai tirar o que é meu de direito e nem ouso compartilhar nada.
"A árvore que dá nome à praia das Figueiras garante boas sombras, enquanto o mar de águas claras e calmas proporciona banhos refrescantes. Acessível por trilha, fica a sete quilômetros do Centro."
Praia das Figueiras - Ilha Grande |
Dias se passam...
Ronaldo é recebido pela família de Odilon. O artista plástico lhe apresenta a casa, mostra trabalhos pessoais e conta fatos da vida, que surpreendem o rapaz. Catarina, Cínthia e Mateus tem a oportunidade de conhecer melhor Ronaldo e se interagirem com ele, através de um papo descontraído.
Mas o que mais impressiona Ronaldo é ver fotos da família e perceber que Odilon sente muita saudade de conhecer o neto desaparecido. A oportunidade de dizer que ele era o seu neto só faltou sair da boca afora, mas no seu íntimo não poderia fazer porque era um tipo de assunto que deve ser dialogado com calma e principalmente, com a obtenção de provas. A certeza dos fatos lhe deixava bem claro.
- É tocante como o senhor fala do seu neto. Nunca teve uma pista de onde ele poderia estar? - Pergunta o rapaz.
- Infelizmente, não mas não vou desistir.
- Senhor Odilon, eu espero que possa encontrar o seu neto logo. O senhor é uma pessoa muito legal.
- Obrigado, Ronaldo! Eu sinto que meu neto pode estar perto. Ainda vou acha-lo, mesmo que demore anos.
Catarina interrompe a conversa um pouco.
- O jantar está servido!
Todos se reúnem a mesa e se servem. Ronaldo se sente em casa ao lado de Odilon e seus familiares.
- Eu soube que você tem uma namorada, Ronaldo. – Diz Catarina.
- Ah sim! Ela mora no Rio e deve chegar em Angra pra semana que vem.
- Deve ser complicado se relacionar a distancia né Se fosse comigo e com o Matheus, com certeza ele já estaria aqui há tempos. – Interrompe Cínthia, fazendo com que o namorado a observe.
- É complicado, mas a gente se entende. – Diz Ronaldo, sorrindo.
- O importante mesmo é cuidar de que você ama, mesmo essa pessoa sendo de longe. – Diz Odilon.
- Faço das suas palavras, senhor Odilon. Por isso que eu amo a sua filha e tento cuidar dela dia por dia. – Diz Matheus.
- E eu de você amor. – Diz Cinthia.
- Não ligue, Ronaldo. Esse casal aí não se desgruda. É romantismo pra lá e pra cá. – Diz Catarina, sorrindo.
- Sinto saudades da Rafaela. – Declara Ronaldo, fazendo com que todos o olhem nesse instante. – Quando as coisas tem que acontecer, elas simplesmente acontecem.
- O que te traz em Angra, Ronaldo? - Pergunta Cinthia curiosa.
- Trabalho. Pesquisa. – Diz o rapaz. – Coisas pessoais e que precisam ser resolvidas.
- Ronaldo, tenho fé que você vai conseguir resolver tudo o que deseja. – Diz Odilon, servindo-se de refrigerante.
Helen visita a casa de Edileusa e lhe apresenta os produtos da marca Hinode. Atraída pelo perfume Dazle, ela resolve ficar com um pra ajudar a amiga.
As vendas de Helen crescem a cada dia e isso faz com que Walter sinta um pouco de ciúme ao perceber que a mulher está fazendo sucesso entre a vizinhança.
- Agora que se tornou vendedora, nem se importa direito com a casa né?
- Walter, eu estou tentando ganhar uma renda extra pra aliviar as contas da casa já que você sempre insiste para eu arrumar algo pra te ajudar.
- E quanto a sua amiguinha Renata?
- Ela vai ficar na casa da Edileusa. Dentro de alguns dias, ela vai sair daqui. Não se preocupa! – Diz Helen, decidindo ocupar sua mente com algumas cobranças enquanto Walter se afasta.
Ronaldo se despede da família de Odilon e ao caminhar sozinho pelo centro, o telefone toca.
- Oi, amor! Saudade!
- Também sinto por você, Ronaldo. Fazendo?
- Acabei de sair da casa do Odilon.
- Ah sim! O jantar foi hoje né?
- Sim.
- Como foi lá na casa do seu suposto avô?
- Foi tranquilo. Nos divertimos.
- Fico feliz por você amor.
- Ele me contou um pouco da vida dele e tem coisas que faz sentido pra mim, entende?
- Isso é um bom sinal, amor! Pode haver total compatibilidade com sua busca.
- Eu já sinto que ele é o meu avô. Só preciso ter certeza, sabe?
- Eu estou aqui torcendo pra que você realmente tenha encontrado o que procura.
- Agradeço de coração, Rafaela! – Diz Ronaldo, sensibilizado.
Na manhã seguinte, Humberto organiza suas coisas quando o advogado telefona, avisando que já preparou os documentos que ele lhe pedira. O empresário se anima.
Veronica se aproxima do escritório e ouve a conversa e fica pensativa.
“Eu preciso dar um jeito dessa garota não invadir o meu espaço.”
Nesse ínterim, Pamela vai para a rodoviária acompanhada da mãe e as duas se abraçam assim que o ônibus chega.
- Quando chegar em Paraty, me avisa. – Diz a mãe, preocupada.
- Pode ficar tranquila!
- Vai ser melhor sua estadia por lá. Pelo menos, vai tentar esquecer algumas coisas.
- Tomara, minha mãe. Ele nem fala mais comigo desde a nossa última conversa.
- Não esquenta com isso, Pamela. Você fez o que era certo.
- Eu gosto dos dois, minha mãe, mas o Weslley me conquistou de uma forma que o Robson não fez.
- Eu acredito em você. Agora, vá e vida que segue! Divirta-se em Paraty por mim.
Pamela volta a abraçar a mãe novamente e a beija. Em seguida, ela entra no ônibus e paga a passagem ao bilheteiro. De repente, Weslley chega correndo na rodoviária e gritando, se aproxima do ônibus onde ela estava:
- Pamela, eu te amo!
Elaine se surpreende com a atitude do rapaz e Pamela, no ônibus se emociona.
“Ele veio.”
Percebendo a ausência de Weslley em casa, Robson se indaga e procura a mãe.
- Meu irmão saiu que nem vi. Onde ele foi?
- Seu irmão disse que ia na rodoviária. Parece que a namorada dele ia viajar. – Comenta Nívea, fazendo os afazeres da casa.
- Viajar? Estranho!
- Que houve, meu anjo?
- Nada. Deve ser coisas da minha cabeça.
- Agora eu que não entendi nada.
- Mãe, sabe o que é: é que justamente hoje seria o dia em que a Mariana iria viajar. Ela ia pra Paraty hoje.
- Pode ser uma simples coincidência, meu filho!
Robson fica pensativo por alguns instantes.
Uma forte tempestade se aproxima do litoral de Angra dos Reis.
Tenório observa o tempo e acredita que não é um momento bom pra sair com o helicóptero, mas Humberto insiste porque precisa viajar a negócios urgentemente.
E de tanta insistência, o piloto decide acatar as ordens e liga os motores, fazendo o helicóptero decolar e deixar a mansão em alguns minutos.
Veronica observa-o partir e fica séria diante da janela do quarto enquanto os empregados se preocupam com a viagem do patrão.
Tenório sobrevoa a região da Ilha Grande e Humberto fica pensativo em relação às filhas.
- Senhor Humberto, vamos ter algumas turbulências. Se prepara!
- Sim, Tenório! Com certeza.
- Não se preocupe. Vamos ter uma viagem tranquila.
- Eu confio em você, Tenório. Posso te pedir uma coisa?
- Sim, senhor. Sou todo ouvidos.
- Cuide da Dani por mim.
- Como assim, senhor?
- A Dani vai precisar de alguém que esteja do lado dela em algumas circunstâncias, principalmente se for em questão de lei.
- Mas ela terá o senhor sempre. Por que a preocupação?
- É só um cuidado de pai. – Diz o empresário.
O vento e a chuva já começam a atingir o helicóptero em plena baía da Ilha Grande e Humberto se preocupa com a situação. Tenório tenta desviar-se dos ventos, mas parece que quanto mais ele tenta o desvio, mas a rajada de vento parece o puxar.
As nuvens escuras também acabam dificultando um pouco a visão do piloto, que já fica tenso no controle:
- Senhor Humberto, se segura!
- Mas que tempestade é essa, Tenório?
Um raio atinge próximo do helicóptero e o faz assustar-se. O piloto continua insistindo na rota e tenta se manter calmo, mas alguma coisa faz com que o helicóptero sofra uma pequena pane nos motores.
- Senhor Humberto, estou perdendo os controles do helicóptero.
- Tenório, o que está dizendo?
- A gente vai cair! – Grita o piloto, se desesperando.
O helicóptero dá várias voltas e acaba se chocando nas águas do mar, ocasionando-se em um grave acidente fatal.
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