Totalmente sem jeito de disfarçar a
verdade estampada, Wanda sente que desta vez não tem escapatória.
- O nome do meu pai é Humberto
Fontana? – Questiona Dani, mais uma vez.
Wanda dá de ombros e decide pegar
um cigarro.
- Já que a senhora não quer me
responder, eu vou procurar por ele pessoalmente. Eu tenho uma lista de resorts
da Ilha Grande, sabia? Acredito que não será difícil encontrá-lo.
Wanda fica séria nesse instante e
virando-se à filha, responde com autoridade severa:
- Eu te proíbo de encontrá-lo!
- A senhora não pode me proibir de
conhecer o meu pai. Eu vou até o fim!
- Você não faz ideia do que vai se
meter. Eu estou tentando te proteger e você só está se importando com si mesma,
sem olhar para as consequências que podem existir.
- Pelo menos, eu vou conhecer toda
a minha história.
- Dani, eu te criei a vida toda.
Você tem um lar, tem suas coisas. Eu ainda estou viva e aqui do seu lado e você
ainda quer conhecer a sua história. E a nossa história não é importante pra
você, não?
- Eu nunca entendi direito os
motivos que fizeram você se afastar do meu pai ou o meu pai se afastar de você.
- Isso não importa. Foi um passado
que vivi há anos atrás e você quer mexer nisso a essa altura do campeonato,
como se tudo que viveu não fosse o suficiente pra você se sentir feliz do meu
lado. – Diz Wanda, um pouco revoltada com a situação.
- Mãe, qual é o seu receio afinal?
Eu vou ficar do seu lado sempre, mesmo conhecendo o meu pai. Confia em mim!
- Dani, você não entende. Eu não quero
que você passe pelas mesmas coisas que eu passei. Eu não quero que se machuque.
Só isso!
- Fica calma! Se eu perceber que o
meu pai não tem interesse de me ver, eu vou ficar no meu canto como sempre
estive e vou esquecer que um dia eu tentei procurá-lo. – Diz Daniela, a abraçando
carinhosamente.
Wanda recebe aquele abraço prazeroso
cheio de sentimentos e responde:
- Desculpa por eu não ter contado o
nome dele antes. Fiz isso por super proteção, enfim. Me perdoa?
- Eu te amo, mãe! Eu estou com a
senhora, pro que der e vier.
- Eu sei disso. Você é o meu maior
orgulho. – Diz ela, em lágrimas.
- Prometo não desapontá-la!
No restaurante, Robson se serve
enquanto Pamela fica pensativa sobre a conversa que teve com sua mãe. Do outro
lado um pouco mais longe, Nívea também janta com o marido e os dois conversam
sobre seus filhos.
- Até agora, não conheço nem a
namorada do Weslley e nem do Robson.
- Mas do Weslley, você chegou a ver
a foto dela na chamada do celular né?
- Sim, mas foi uma coisa rápida. Eu
me refiro pessoalmente, amor.
- Entendi. Eles parecem felizes e isso
é o que importa pra gente.
- Tudo o que mais quero é que os
dois sejam felizes mesmo. Eu pensei em dar um jantar em casa, o que acha?
- Não seria uma má ideia.
- Pelo menos, eu conheceria as
minhas futuras noras. – Diz ela, sorrindo.
- Você não acha que está apressando
as coisas, não? Deixa os nossos filhos curtirem um pouco mais a vida. Casamento
nos prende muito.
- Ah é? Então você acha que o nosso casamento é uma prisão?
- Se eu escolhesse me casar hoje em
dia, eu pensaria bastante antes de tomar essa decisão.
- Safado! Eu não me arrependo de ter
me casado contigo, mas do jeito que você fala...
- Nívea, eu não me arrependo
também. Você é uma ótima esposa e a gente tem dois filhos excepcionais. Me
sinto completamente feliz em ter formado a nossa família. Desculpa se eu falei
algo que te chateou.
- Eu não entendo os motivos que te
levaram a falar que o nosso casamento te prende. Eu não me sinto assim presa.
- É só uma forma de falar amor.
Quando somos jovens, a gente quer curtir mais e mais entende?
- Mas eu não gostei do que você
disse. Na vida, fazemos escolhas e eu não me arrependo por nenhum momento de
ter escolhido você como meu marido.
- Tá bom amor! Eu retiro o que eu
disse. Eu só pensei nos nossos filhos. Só isso! Deixa os dois decidirem o
futuro deles, sem que a gente interfira. Ta bom?
- Tudo bem! Eu prometo que não vou
interferir no assunto de nenhum dos dois.
Wanderson beija Nívea e os dois se
abraçam depois.
Em plena noite, Weslley dirige pela
estrada rio-santos, passando por Ponta Leste, Garatucaia e Conceição de Jacareí.
Sob o volante, o rapaz pensa em Pamela e na sua relação com a jovem. Ele decide
parar o carro em Mangaratiba e fica ali, em frente à praia de Muriqui por algumas
horas. Weslley decide sentar-se a beira-mar, na areia e coloca uma música pra
tocar no celular. As cenas dos beijos com Pamela vêm em sua mente como flashes.
“Não posso desistir de você, minha morena. Robson que me perdoe, mas eu não vou abrir mão da mulher que amo.”
Praia de Muriqui - Mangaratiba
Robson sai do restaurante
acompanhado de Pamela e então, Wanderson percebe que o filho estava ali com a
namorada e comenta com Nivea rapidamente.
- O nosso filho Robson ali!
Nívea se vira pra trás pra ver e vê
os dois saírem ao longe pela porta afora e comenta:
- Mas é mesmo, amor. Estavam aqui o
tempo todo.
- Pois é! E a gente nem percebeu. A
namorada dele parece ser bem nova.
- Não consegui ver ela direito, mas
estou confiante de que tudo pode dar certo.
Wanderson sorri.
Daniela telefona para Mirella e
conta que já sabe o nome verdadeiro do pai. A amiga fica feliz por ela. Quanto
à Ronaldo, ele fica feliz em saber que a namorada pretende vir à Angra e
comenta com Odilon por telefone.
Após desligar a ligação, o artista
sorri e Catarina percebe a reação do marido.
- O que houve?
- Não foi nada não. Eu estava falando
com o Ronaldo agora há pouco.
- Está tudo bem com ele?
- Está sim, mulher! Ele está todo
animado em trabalhar lá no ateliê e agora, como se não bastasse a felicidade
dele se completou. A namorada do Rio vai vir pra Angra dentro de uma semana.
- Olha que legal! Pelo menos, ele
vai ganhar uma companhia. O rapaz não conhece nada da cidade.
- Ronaldo é um cara legal. Oh
mulher, o que você acha da gente fazer algo aqui em casa? A gente convida ele e
a namorada.
- Pode ser, mas já vou avisando:
nossa casa é simples e essa gente do Rio parece ser de luxos.
- Ah mulher que isso! Ronaldo é
simples como a gente. Somos amigos e eu sei que ele não vai reparar em nada
aqui. – Diz o artista plástico.
Na manhã seguinte, Daniela vai até
o cais do porto e de repente, em sua frente acaba topando com Veronica, que a
reconhece.
- Quem diria que eu ia encontrar
você, justamente aqui e hoje. Parece que o meu dia não começou bem.
- Pode não ter começado bem pra
você, mas pra mim começou ótimo. – Diz Dani.
- Tem notícias do Yuri?
- Não, mas imagino que você tenha.
- Se eu tivesse, não estaria
perguntando.
- Ah então deixa eu adivinhar: está
com saudades dele ou está achando que ele ainda continua comigo.
- Nem uma coisa nem outra. Não sinto
saudades de quem me trai e não dou a mínima se ele decidiu investir em outra
pessoa.
- Desde que eu soube que ele me enganava
com você, eu prometi a mim mesma que jamais voltaria pra ele de novo.
- Eu também fiz o mesmo, acredite!
Afinal, fomos vítimas né? Yuri soube direitinho fazer nós duas de trouxas.
- Por causa disso, vamos virar amiguinhas
agora?
- Não me passa pela cabeça ser sua
amiga. – Ironiza Veronica.
- Ah que bom! Também não consigo me
sentir próxima, mesmo sabendo que o errante disso tudo está bem longe daqui.
- Pois é! Fez a merda e evaporou
que nem fumaça. O que ele fez foi imperdoável e eu nunca vou esquecer da
tamanha decepção que vivi.
- Exato! Agora, me deixe ir que eu
tenho assuntos a resolver. São coisas que estão sendo mais importantes pra mim
agora, do que ficar falando de Yuri. – Diz Dani, se afastando e deixando a
jovem, desconfiada.
“Detesto essa garota.”
No café da manhã, Nívea se serve
quando Weslley chega e senta sob a mesa.
- Onde você esteve ontem a noite?
- Eu decidi me distrair um pouco.
Tava precisando.
- E a namorada? Tá tudo bem entre
vocês?
- Tá sim, mãe! Estamos tentando resolver
um assunto aí, mas acredito que vamos conseguir.
- Você tem o meu apoio, viu. Ah, ontem
eu saí com o seu pai também. Fomos jantar fora.
- Que bacana, mãe!
Nesse momento, Robson chega e se
junta aos dois à mesa.
- Meu filho, acordou tarde hein? A
noite pelo visto foi boa.
- Ah mãe, demais! – Diz Robson, se
sentindo feliz. – Saí com a namorada ontem.
- Eu e seu pai vimos. – Diz Nívea,
sorrindo fazendo Weslley se engasgar. – Filho, está tudo bem?
- Fique tranquila, mãe! Tá tudo
certo! – Diz Weslley, pegando um guardanapo e um copo com água.
- Irmão, cuidado! Mas não entendi,
mãe. Como assim a senhora e o meu pai viram a gente?
- A gente estava no mesmo restaurante
que vocês. – Comenta Nívea enquanto Weslley tenta se recuperar. – Mas a gente
percebeu depois quando vocês estavam saindo.
- Ah sim, mãe entendi! – Diz Robson.
- Gente, desculpa mas eu preciso
sair. Eu estou atrasado. – Diz Weslley, decidindo nem tomar café.
- Filho, leva um lanche pelo menos.
Não vá sair daqui sem comer, não! Faz mal à saúde. – Comenta Nívea.
Weslley se despede dos dois e sai
porta afora. Robson estranha a atitude dele e pergunta:
- O que está acontecendo com ele?
- Ah filho, parece que ele está
tendo problemas com a namorada dele algo assim. Não sei explicar.
Nesse ínterim, Pamela vai até o
quarto de Elaine e as duas se olham fixamente.
- Desde a nossa conversa de ontem,
eu não consegui dormir direito.
- Nem me fala, filha! Esse assunto
me deixou preocupada demais.
- Cheguei à conclusão de que a
senhora está certa.
Elaine fica séria com a atitude da
filha.
- Eu tomei uma importante decisão.
- E qual foi, minha filha?
- Eu vou terminar com o Robson hoje e vou contar pra ele que estou namorando o Weslley, irmão dele. – Diz ela, decidida.
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