2003.
Balões coloridos, um bolo enorme
na mesa e crianças por todos os lados correndo e brincando. Uma mãe nervosa com
um filho do outro canto da parede reclamando por ele ter puxado o cabelo de uma
menina. Na outra ponta da casa, um outro menino tentando conquistar uma garota
com palavras bonitas e levando um baita fora. Enquanto isso, algumas pessoas
ficam conversando no quintal e o cheiro do churrasco invade até a esquina.
Algumas crianças ao redor brincam de pique esconde até que uma delas caem no
chão chorando e o pai se aproxima para ajudá-la.
Entretanto, em meio a uma festa
de aniversário conturbada, há uma mulher que tinha trinta e cinco anos, olhos
azuis claros e cabelos longos negros, sorridente arrumando o filho de cinco
anos no quarto.
- Mãe, eu estou feio com essa
roupa. -Diz Luís, ao olhar o paletó no espelho.
- Filho, você está um verdadeiro
príncipe! -Diz a mãe segura e confiante de si. - Vai arrumar muitas gatinhas na
festa.
- Será? -Ele pergunta, fazendo
uma cara de desacreditado.
Martha coloca a mão em sua cabeça
e beija seu rosto, dizendo:
- Você é um menino muito especial
pra mim. Nunca diga pra você mesmo que você é feio porque a beleza externa não
se compara com o que você tem aí dentro. - E ela toca no peito dele. - Em seu
coração guarda caráter e isso é importante e o mais belo de tudo.
- Eu sei. A senhora sempre fala
isso pra mim.
- Eu nunca vou me cansar de falar
isso, mas prometo não falar mais.
- Mãe... - E ele a abraça
fortemente, como se soubesse o que o futuro lhe planejava.
- Que foi meu filho? - E ela
sente ele um pouco receoso. - Aconteceu alguma coisa?
- Eu não quero ir nessa festa. -Diz
o menino.
- Bom, é uma festa de aniversário
do seu melhor amigo de escola. Você vai se divertir. Vai perder a festa do seu
amigo? -Diz ela, sempre caridosa.
- Ta bom! -Diz ele, se
convencendo a ir.
Martha desce a escada com o filho
Luís, pegando em sua mão e as crianças correm até ele pedindo pra brincar.
- Vai lá filho! Eu vou conversar
com a Laís um pouco. -Diz ela.
Luís larga da mão de Martha e se
aproxima das crianças enquanto ela se dirige a amiga na cozinha. Aquela era a
última vez que ela veria o filho. Laís, como sempre fica nervosa quando o
assunto é festa e conhecendo bem a amiga, Martha decide dar uma força. Ela era uma mulher de trinta anos, cujos cabelos
ruivos e olhos verdes claros a fazem um perfil de modelo.
- Eu sabia que ia precisar de
ajuda. Estou aqui!
- Ah amiga que bom! Eu preciso
terminar de fazer os cachorros-quentes. -Diz ela, já tensa.
- Relaxa! Festa de aniversário é
assim mesmo.
- Eu estou preocupada amiga!
- Com o quê Laís?
- Você é uma mulher fina,
elegante me ajudando aqui na cozinha. Vera não vai gostar de ver você assim.
- Ah balela! E desde quando minha
mãe se intromete na minha vida? Pára com isso! Somos amigas e ela não pode
falar nada até porque um dia já foi pobre. Não nasceu em berço de ouro.
- Vocês duas são muito
diferentes. Ela é uma ricona que só se importa com o dinheiro e você uma madre
Teresa de Calcutá.
- Eu sei reconhecer quem é
importante na minha vida e adoro sua amizade.
- Ai amiga! Que bom ouvir isso de
você. Eu também te adoro demais. -Diz Laís, sorrindo.
Chega a hora dos parabéns. Todos
cercam a mesa onde no centro está Daniel feliz da vida por ver seus amigos e
familiares ali. Ele comemorava seis anos de idade.
Laís acende as velas e pede pra
ele fazer um pedido enquanto todos cantam em coro. O menino fecha os olhos e
faz o pedido em pensamento. Depois assopra as velas. Todos aplaudem em seguida.
Nesse momento, Luís sorri para Daniel e quando as pessoas se distraem, ele é
puxado pelo braço por uma mulher, aparentemente convidada pra prestigiar aquele
momento. Luís não entende porque está se afastando das pessoas e a desconhecida
promete levar a um certo lugar. Ele a acompanha inocente, olhando ao redor.
Martha se via alegre diante das
pessoas, totalmente distraída do filho e Laís pede a Daniel para repartir o primeiro
pedaço e oferecer a alguém especial. Daniel faz e o primeiro pedaço do bolo é
pra ela, claro! De repente, ele sai da mesa e fica olhando pelos lados como se
estivesse procurando algo e algumas pessoas não conseguem entender aquela
atitude. Laís percebendo, se aproxima dele e pergunta, com o prato do bolo na
mão:
- Filho, aconteceu alguma coisa?
- Cadê o Luís? -Foi a única
pergunta que ele fez ao olhar nos olhos dela.
Martha ao ouvir aquilo, se
aproxima do menino e começa a olhar também para os lados. As pessoas ao redor
fazem o mesmo e aquela situação fica tensa porque o Luís não é achado por
ninguém. A casa toda ficou em alerta e uma tristeza começava a se abater no
peito daquela mãe que desesperada já não sabia o que fazer naquele momento.
Tudo o que ela queria era saber do Luís.
Martha procura saber do filho através dos
convidados da festa, mas ninguém o vira. Ela se preocupa com Luís. Laís tenta
encontrar o menino, mas não consegue nenhuma informação.
- Não é possível que ninguém viu um menino de
cinco anos. – Reclama Laís.
- Onde está o meu filho, Laís? - Ela pergunta
preocupada.
- Eu não sei, Martha. Mas fica calma! Nós vamos
encontrá-lo. Não se preocupe.
- Eu estou com medo de que algo tenha acontecido a
ele. Ele é apenas um menino de cinco
anos, Laís. Onde ele foi?
- Calma Martha! Eu vou saber dos vizinhos
próximos. Talvez eles o viram em algum lugar.
- Isso! Faça isso, Laís, que eu vou continuar
procurando. - Se angustia ela.
Martha chegava a mostrar a fotografia de Luís para
as pessoas da rua, mas ninguém sabia o que dizer naquela situação. E agora? O
que fazer? Aquele fato se tornou um marco na vida de Martha que estava aflita
por notícias do filho. O início de um grande drama estava prestes a acontecer
pra Martha, que até hoje, sente falta de Luís. O caso de Luís parou nas
emissoras de rádio e nos canais de televisão. A polícia abriu o inquérito e o
delegado local fez interrogatório com todos que conheciam o menino. Todos
participaram do caso. Vera, avó do menino, deu um depoimento aos moradores
sobre o desaparecimento do neto dias depois prometendo uma boa recompensa em
dinheiro para quem o achasse e Mariana decidiu ajudar na procura do irmão
caçula criando cartazes.
E a cada pista que surgia, era uma esperança, mas
tudo se passara de um alarme falso.
Era uma dor
que penetrava em sua alma. Dilacerava seu coração por inteiro.
E aquele sofrimento
sem fim a fazia debulhar em lágrimas.
Maltratava sua
alma.
- Martha?
Alguém a ajuda por favor! Martha acordaaaa! - Alguém falava em seu ouvido e
tentava reanimá-la.
Um silêncio.
Martha estava
em coma. Um médico a examinava.
Ela não
morreu. Apenas desmaiou. E naquela amargura que a atormentava, fazia sofrer
muito um homem por qual ela deu tanto amor: Rubens.
Dos olhos
dele, saíam muitas lágrimas. Ele não queria perder o seu grande amor.
Atualmente, faz dezessete anos que Luís desapareceu.
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