Hoje
acordei preguiçoso demais. Não peguei nem o celular pra ver as mensagens do
Whatsapp ainda. A luz do sol batia na janela e seu reflexo iluminava todo o meu
quarto. Envolto por lençóis, estava eu na cama e Garibaldi dormindo sob meus
pés. Eu olhava pro teto da minha casa pensativo, sobre o meu envolvimento com o
Sávio. “Por que me submeto a tal situação?”
Atenção: Para dar continuidade a leitura de "Expectativas", a obra está disponibilizada nos seguintes links:
Ao mesmo
tempo que penso em parar, eu não consigo. Eu sempre me conecto a ele de uma
forma tão especial. Livros, filmes, surfe, tarefas diárias... Faço de tudo pra
tentar distrair, mas quando ouço seu nome ser chamado por alguém ou me deparo
escrito em algum lugar, é a sua presença que invade a mente. Garibaldi acorda e
olha pra mim. Ele não faz ideia, mas estou totalmente apaixonado.
Me
levanto da cama e faço o café. Coloco ração para o cão e arrumo o lixo pra
jogar na caçamba do lado de fora. Ao terminar o café, decido colocar uma música
e analisando o calendário, percebo que os dias estão passando bem rápido. Logo,
as férias acabam e eu volto à rotina de trabalho. Mexo um pouco no computador,
preparo alguns relatórios, mando por email, vejo as mensagens do Whatsapp e
respondo alguns contatos, olho pro relógio e de repente, lembro que um amigo
vai vir em minha casa, pra me pagar um dinheiro que me deve. Eu pego no livro
pra ler pelo menos um pouco enquanto faço um download de um arquivo multimídia.
Mas a campainha me tira a atenção e vou atender em imediato. Era a minha
vizinha. Ela alisa os pêlos de Garibaldi e diz pra mim:
-
O
que anda aprontando de bom?
-
Nada.
Eu estou aqui fazendo uns trabalhos no computador. E você vai fazer o que hoje?
-
Eu
queria na praia. O dia está tão bonito.
-
Verdade.
Mais tarde, vou pegar uma onda.
-
Legal!
-
Eu
esqueci de falar contigo, mas o meu ex apareceu.
-
Sério?
E ele sabe que você está solteiro?
-
Sabe.
A gente conversou um pouco ontem.
-
Mas
me conta: como foi este reencontro?
-
Foi
bom. Um pouco surpreso da minha parte, mas eu confesso que sempre acreditei que
um dia a gente se veria de novo.
Nailton
decide seguir Heitor e acaba descobrindo a casa onde a ex mulher dele mora com
a filha. O rapaz fica dentro do carro observando Heitor sair com a filha pra
passear e fica marcando um tempo no relógio.
Assim que
Heitor se afasta, Nailton abre a porta do seu carro e vai em direção à porta da
casa da ex mulher dele. Com toda coragem, ele aperta a campainha.
-
Já
vai! Só pode ser o Heitor que esquece tudo, menos a cabeça. - Diz ela, brava.
Ao abrir
a porta, ela dá de cara com o rapaz que vira abraçando seu ex marido no Correios.
-
Você
por aqui? O que queres?
-
Eu
só quero ter um particular com você.
-
Me
desculpa, mas eu não posso te dar atenção.
-
Ah,
mas você vai ter que me ouvir sim! - Diz ele, impedindo-a de fechar a porta.
-
Quem
você pensa que é pra falar desse jeito comigo? - Diz ela, já ficando
estressada.
-
Eu
sou o cara que anda saindo com o teu ex marido e dando a ele algo muito melhor
que você nunca deu. - Diz Nailton, sério deixando-a com uma expressão de raiva.
Rafael
organiza a cozinha quando a campainha toca. Ele gentilmente atende e fica
surpreso ao receber a visita. Era um primo de Tiago que estava com malas nas
mãos e se apresentou como Rui. Ao cumprimentá-lo, Rafael percebeu que ele não
desviava seus olhos dos dele. O rapaz fica chocado com aquela visita, mas ao
tempo, surpreso também com a atitude do marido de não ter falado nada a
respeito que um parente ficaria com eles por um tempo.
-
Será
que eu podia entrar? - Pergunta Rui.
-
Ah
sim, claro! Desculpa, mas é que eu realmente não esperava receber visitas e
ainda mais, com malas e cuias.
-
O
meu primo não lhe contou que eu viria?
Rafael
disfarça um sorriso e diz:
-
Pior
que não, mas deve ter se esquecido talvez.
-
Poxa!
Eu nem sei o que dizer. Estou me sentindo envergonhado.,
-
Calma!
Não é pra tanto. Parente do meu marido, também é um parente meu. Fique a
vontade, viu!
A ex
mulher de Heitor fica indignada com as palavras de Nailton e pede pra ele ir embora,
mas o rapaz, corajoso, decide falar mais verdades á ela:
-
Deixa
o Heitor em paz! A única obrigação que ele tem é somente com a filha.
-
Olha
aqui, eu não sei o teu nome, eu não sei o que anda rolando entre vocês dois. Eu
só sei que eu quero ser respeitada e quero privar a minha filha de qualquer
coisa absurda que anda acontecendo com o pai dela e outra pessoa.
-
Eu
só passei aqui em sua casa pra te dar esse recado mesmo. Eu gosto demais do
Heitor e não quero que ele fique se matando todos os dias no trabalho, pra
sustentar uma mulher que nem na vida dele não faz mais parte.
-
Você
está com dor de cotovelo, meu bem! Enquanto eu estiver viva, eu vou sempre me
apossar dos interesses que fazem parte da minha família.
-
Você
chegou num ponto que eu queria; família! Heitor não tem direito de te dar um
centavo mais. Ele só tem que se responsabilizar pela filha.
-
Você
não vai atravessar o meu caminho!
-
Eu
tenho pena de você. Muita pena! Fique certa de uma coisa: eu estou de olho! - E
ele se afasta, deixando-a irada.
Ao ver
ele abrindo a porta do quarto, ela não hesita e provoca:
-
Vai
dar o rabo pra ele! - E faz um sinal de malcriação.
-
Com
muito prazer! - Diz Nailton, ouvindo do carro e ligando a chave.
Rafael
decide ligar para Tiago e Rui percebe. Ele fica observando o jeito do rapaz,
que fica tentando várias vezes no telefone.
-
Só
dá caixa postal! - Diz Rafael.
-
Deixa!
Eu vou embora.
-
Não!
Fique! - Diz Rafael, sério.
-
Eu
não quero incomodar ninguém.
-
Não
está incomodando, anjo. - Ele fala sem querer.
-
Anjo?
- Ele pergunta.
Rafael
sorri um pouco e pede desculpas, alegando que era só uma maneira de falar.
Se foi
uma maneira diferente e boa de falar, Rui gostou e parecia estar achando
interessante conhecer o marido do seu primo.
Antes que
eu pudesse entrar na água pra surfar, uma mão pousou em meu ombro. O dia estava
perfeito e o sol radiante. Era uma tarde espetacular. Mesmo com o calor e o
reflexo do sol batendo sobre meu corpo e a prancha entre meu braço esquerdo, eu
me virei e olhei para a pessoa que tinha me tocado: Jonas.
Os nossos
olhares se cruzaram repentinamente e as nossas bocas pareciam querer a mesma
coisa. Ele me beijara diante daquele marzão lindo, em que as ondas batiam sobre
nossos pés com tanta rapidez e espuma. Foi um beijo que durou alguns segundos,
mas que penetrou tão fundo por dentro e me fez reviver algo que estava se
tornando esquecimento. Eu sorri assim que ele me beijou e a gente se abraçou
fortemente. Seria o recomeço? Caramba! Começaram as dúvidas.
Jonas
estava ali comigo e eu estava surpreso com a guinada que o destino deu. Mas
existe uma pessoa que eu achei que não se importava comigo, e que quando viu
nós dois ali voltou pro seu carro e deu partida. Sávio estava justo na praia e
viu o nosso beijo. Viu o abraço forte. Eu ainda me afastei um pouco do Jonas
pra tentar ver direito se era ele mesmo no carro e tive a certeza. Conhecia o
seu carro. A sua fisionomia de longe. Jonas pegou pelo meu braço e perguntou:
-
Aconteceu
alguma coisa?
Meus
olhos viraram-se aos dele e em poucas palavras, consegui falar:
-
Não! Não foi nada.
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