Gisele
cumprimenta Daniel, se levantando da mesa.
–
Oi! Ah claro! Eu vou levá-lo até o escritório do Sr. Otávio. Ele aguarda por
sua presença. – Ela o conduz à sala do
chefe.
Daniel
fica atraído pela jovem que tenta disfarçar os olhares.
Ao
ser apresentado pela secretária, Daniel aperta a mão de Sr. Otávio, que lhe dá
as boas-vindas e apresenta Gisele ao novo funcionário.
–
Gisele é minha secretária pessoal. Portanto, vocês dois vão trabalhar juntos
daqui pra frente. Ela vai te passar todas as tarefas. O que você precisar, meu
amigo, pode contar com ela ou comigo, ok? E seja bem-vindo no nosso time,
Daniel! Será um prazer tê-lo conosco. – diz Sr. Otávio, confiante.
Daniel
agradece gentilmente.
–
Acompanhe a Gisele que ela vai te mostrar sua sala. – diz Sr. Otávio, em
seguida. – Espero que seja do seu agrado, apesar da bagunça que outro
funcionário acabou deixando.
–
Isso não é problema. Eu sou muito organizado. – diz Daniel, demonstrando disposição,
deixando os dois admirados.
–
Fico feliz por isso, Daniel! – diz Sr. Otávio.
–
Por gentileza, me siga! – diz Gisele, abrindo a porta e Daniel consente.
Em
seguida, ele sai na companhia de Gisele, que fecha a porta da sala do chefe.
–
Vai ser um prazer trabalhar ao seu lado. – diz o rapaz, feliz.
–
Espero que sim, Daniel. Seja bem-vindo!
–
Obrigado, Gisele! Aliás, tem um bonito nome. – diz o jovem rapaz, sorrindo e
aproveitando para dar uma flertada.
–
Obrigada! – ela agradece. – Você poderia me ajudar com alguns arquivos que
ainda não foram digitados no computador? Aqui temos trabalho de sobra e o tempo
voa.
–
Claro! Onde estão os arquivos? – Ele pergunta, demonstrando interesse.
–
Deve estar naquele armário. Vou pegá-los pra você.
–
Pode deixar comigo! – Ele se aproxima dela e ela se afasta um pouco. – Qual
gaveta está?
–
A primeira de todas. – responde a jovem, que não consegue desviar os olhos do
rapaz.
Daniel
alcança a gaveta, abre e entrega os arquivos a ela e os dois tentam desviar a
atenção um do outro.
–
Que coincidência né? – Ele resolve mudar de assunto.
–
Coincidência? – Ela estranha a pergunta.
–
Sim. O nosso encontro no shopping.
–
Ah! É verdade. Põe coincidência nisso! – diz a jovem se lembrando de tal fato e
tentando se concentrar no trabalho, enquanto Daniel arruma os arquivos na mesa.
–
Você trabalha há muito tempo aqui? – Ele arrisca perguntar.
–
Têm um tempinho já. – diz ela, não lhe dando muita confiança.
–
E você é sempre assim, séria?
Nesse
instante, ela olha para os olhos dele e responde:
–
Daniel, para exercer a função no qual sou designada, eu preciso ser séria e
muito competente. Agora, termine de arrumar esses arquivos aqui e se precisar
de alguma coisa, me chame! Com licença! – E ela se retira da sala, o deixando
um pouco sem jeito.
No
horário de almoço do trabalho, Gisele e Doroth sentam juntas no refeitório e as
duas conversam um pouco.
–
Percebi que você está distante. Gisele? O que está acontecendo?
–
Eu estou bem, Doroth! Eu só estou pensando numa coisa aqui. Nada demais!
–
E não quer me contar o que é? – diz a amiga curiosa, se deliciando com a
sobremesa.
–
Deixa de ser curiosa, hein? Mas tudo bem! Eu vou te contar sim.
–
Que bom! Sou toda ouvidos. – diz Doroth, se animando.
–
Bom, sabe aquele rapaz ali? – Ela indica para a mesa do lado.
Doroth
olha e encontra Daniel conversando animado com os outros rapazes, funcionários
da empresa.
–
Sim. É o novato bonitinho que chegou hoje na empresa. O que é que tem?
–
Quer dizer que o acha bonito?
–
Mas é claro! E você não acha também?
–
Ele é interessante, mas é curioso demais. – diz Gisele.
–
Me conte! O que tem ele?
–
Então, acredite ou não, ele é o rapaz que conheci na loja do shopping.
–
Sério? – A amiga se surpreende. – Mas que coincidência boa hein?
–
É uma coincidência sim, mas porque está tão animada?
–
Pra este rapaz já te deixar assim, é sinal de que vem alguma coisa boa neste
encontro.
–
Doroth, quantas vezes eu tenho que dizer que não...
–
Quer envolvimento com ninguém. Gisele, eu sei de cór o seu texto decorado.
Amiga, essa é uma boa oportunidade pra você ser feliz outra vez.
–
Espera aí! Você quer que eu fique com ele?
–
E por que não? Se ele gosta de você e você, dele.
–
Você deve ter batido com a cabeça né? Eu mal o conheço.
–
Mas pode passar a conhecer, oras!
–
Ah para!
–
Mas ele não pensa como você, amiga! A Júlia me disse que ele não parava de te
olhar no shopping.
–
Doroth, quando eu voltar a me apaixonar, não se preocupe porque vocês vão saber
ok? E essa Júlia é muito fofoqueira.
–
Tudo bem, amiga! – diz Doroth, se levantando da mesa. – Já bateu meu horário.
Preciso voltar. Somos suas amigas e queremos o seu bem.
Doroth
se afasta e deixa Gisele pensativa. Daniel a encara fascinado e a secretária
decide se retirar também.
Neste
ínterim, Grace ouve suas músicas preferidas no quarto quando ouve vozes vindas
da sala. Ela abre a porta do quarto e chega próximo da escada e ouve mais uma
vez a discussão dos pais Alda e Emiliano.
–
Talvez seja melhor eu ir embora desta casa e me afastar da sua arrogância. – Ela
discute.
–
Quero ver se você tem coragem! Mas quer saber o que eu acho? Você nunca vai
sair desta casa porque não tem pra onde ir.
As
palavras que são gritadas em alto e bom som ferem cada vez mais o coração da
adolescente, que se debulha em lágrimas de profunda tristeza, sentada no chão
do seu quarto.
Júlia
e Murilo decidem visitar Gisele em seu apartamento.
–
Pensei que a Doroth estivesse aqui com você. – diz Júlia.
–
A Doroth não quis vir. Acho que ela ficou chateada comigo, não sei.
–
O que é que houve agora, Gisele?
–
Ela não entende certas coisas. Acho que não vai entender nunca.
–
Eu posso até imaginar do que você está falando. É sobre o Daniel, né?
–
Como você sabe que é sobre ele que estou falando?
–
A Doroth me disse. – diz a jovem. – Mas não é culpa dela, Gisele! Fui eu que
disse que você tinha que ser feliz outra vez e sugeri que fosse com o novato da
empresa porque esse encontro não foi por acaso.
–
Não vem me dizer que foi coisa do destino o Daniel ter aparecido na minha vida,
bla blá blá...
–
Esse é o seu mal, Gisele! Desculpa te falar isso, mas você não acredita no
sinal do destino.
–
E eu não acredito mesmo. Desde que eu fui enganada, iludida, você acha que eu
ainda acredito no amor? Amor é uma fantasia, uma ilusão, um engodo.. Vocês
foram testemunhas de tudo que passei. – diz ela, apontando o dedo à Murilo que
ouve a conversa toda. – Você também sabe disso!
Júlia
fica em silêncio e Murilo se anuncia.
–
Júlia, vou lá fora ver o carro ok!
A
jovem consente e Gisele diz:
–
Pode ficar, Murilo! Eu vou preparar o jantar pra vocês.
Murilo
sorri constrangido.
–
Desculpa, Gisele se fui invasiva demais! – pede a amiga.
–
Está tudo bem. Sem problemas! – Ela a abraça. – Eu é que peço desculpas. Bom,
alguém vai me ajudar a preparar algo?
–
Pode contar comigo! – diz Júlia, animada.
Gisele
encara Murilo seriamente, e o rapaz diz:
–
Não! Não! Prefiro nem entrar na cozinha.
As
duas riem com a expressão do amigo. De repente, o telefone toca e Gisele
atende.
– Não, Doroth! Pode vir. Não estou chateada com você, não!
Neste
momento, a campainha toca e Júlia decide atender a porta, deixando Gisele
conversando com Doroth por telefone e Murilo na sala.
Ao
abrir, os três se deparam com Grace, com lágrimas nos olhos.
Júlia
a abraça e Gisele diz à Doroth no telefone:
–
Amiga, venha pra cá! Grace precisa da gente.
Daniel
joga xadrez com o irmão Wallace, que decide lhe fazer uma pergunta sobre
Gisele.
–
Então não sabe nada dela ainda? Não sabe se ela é casada, solteira...
–
Não sei, irmão. Mas vou descobrir aos poucos. Agora estou bem próximo dela!
–
Faça isso, irmão! Repare se ela tem aliança no dedo.
–
Eu já reparei nisso. E ela não tem aliança, meu caro.
–
Hum. bom sinal. – diz Wallace. – Você é um cara de sorte. Conseguiu entrar numa
empresa multinacional e ainda conhecer uma secretária gente fina.
–
Pois é, irmão! Mas tem uma coisa: pelo que pude perceber da Gisele é que ela
não me parece ser uma pessoa fácil não.
–
Você está me dizendo que ela é uma pessoa difícil de ser conquistada?
–
Creio que sim. – diz Daniel, sensato mexendo na peça de xadrez. – Xeque mate.
–
Ah não! De novo não! – Se chateia Wallace ao ter perdido o jogo.
Daniel
fica pensativo em seu quarto e se lembra do encontro que teve com Gisele no
shopping e na empresa. Em sua frente, a foto de Maria ainda enfeita o seu porta-retrato
e ele decide tirá-la da mesa e guardá-la na última gaveta.
“A
partir de hoje Daniel, você vai ser um cara diferente. Vai conquistar a Gisele
e vai tirar a Maria do seu pensamento de vez.”
Ele diz pra si mesmo, decidido.
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