Gisele,
após voltar a realidade, se afasta de
Daniel rapidamente e dá um tapa no seu rosto.
–
Por que fez isso? E justamente aqui onde trabalhamos? Eu posso te acusar de
assédio!
–
Desculpa Gisele, mas eu não consegui resistir. – diz Daniel, sensato. – Você
mexe comigo desde o primeiro dia.
–
Você foi longe demais. Não devia ter feito isso. – Onde já se viu entrar assim
e me beijar a força?
–
Espera aí, Gisele! Sei que você gostou desse beijo. Por que não admite que
também está sentindo algo por mim?
–
O quê? Como você pode ter coragem de falar uma coisa dessas? Eu não sinto nada
por você.
–
Não é o que os seus olhos dizem Gisele. Sei que você gosta de mim só não tem
coragem de assumir isso.
–
Daniel, vá embora! Acabou o expediente e acho melhor você ir ou...
–
Ou vai dizer para o Sr. Otávio que eu a beijei a força nesta sala. – Ele a
desafia.
Gisele
se surpreende com a atitude dele.
–
Sim! Eu vou dizer sim, Daniel! Eu vou dizer que você entrou por aquela porta
e...
–
E o quê Gisele? – diz Daniel, se aproximando de novo.
Gisele
não consegue dizer mais nada e o beija outra vez nos lábios, dessa vez não
resistindo às investidas dele.
Enquanto
isso, Zeca decide ir ao apartamento de Gisele e encontra Doroth abrindo a
porta.
–
Zeca, você por aqui?
–
Eu vim falar com a Gisele. Ela já chegou do trabalho?
–
Não. Gisele ficou na empresa, mas deve estar chegando.
–
E por que você está aqui? Por que não a esperou?
–
Ela ficou pra organizar algumas coisas por lá antes de sair e me pediu pra vir
preparar algo na casa dela. Você não sabe como a Gisele é?
–
Sei. Bom, eu acho que vou lá então. Quem sabe eu não a encontro pelo caminho.
–
Espera Zeca! Ela deve estar chegando. Fica mais um pouco aí! – diz Doroth,
impedindo de procurá-la.
–
Tudo bem então! – diz Zeca, decidindo ficar e esperar.
Na
empresa, Gisele e Daniel se afastam um do outro novamente.
–
Olha, desculpa mais uma vez por ter acontecido de novo. Eu prometo que não
farei mais isso. – diz Daniel.
–
Não tem que se desculpar por nada. – diz Gisele, dessa vez consentindo.
Daniel
a encara de repente, surpreso.
–
Desta vez a culpa é minha. – Ela diz.
–
Não! A culpa também é minha. Eu sou seu colega de trabalho e não consegui
controlar a minha atitude.
–
Já passou do meu horário de sair daqui e eu preciso pegar um táxi pra ir logo
pra casa.
–
Se você quiser, eu posso te acompanhar.
–
Obrigada, mas eu quero ir pra casa sozinha. Até amanhã, Daniel! – E ela pega
sua bolsa e sai porta afora.
Daniel
decide segui-la.
–
Eu não vou deixar você ir sozinha. Não é justo!
–
O que você quer hein? Eu já disse que prefiro ir sozinha, ou seja, eu não quero
a sua companhia. – diz ela, saindo às pressas da empresa.
–
Você está chateada comigo só porque eu a beijei?
–
Eu estou chateada com tudo, ok? E você devia ter um pouco de respeito comigo
entendeu?
–
Ah claro! Eu me esqueci que você é, digamos assim, a chefe da empresa. Os olhos
do Sr. Otávio. Pensa que eu não sei que você é a responsável pela empresa
segundo o nosso chefe me disse?
–
Estou longe de ser a chefe da empresa. Dá licença?
–
A secretária faz–tudo, a observadora, a queridinha... Gisele, você pode ser uma
ótima profissional e entender tudo dentro do seu ramo de trabalho, mas não é
capaz de admitir pra si mesma que está a fim de mim.
Gisele
olha para ele e começa a debochar um pouco.
–
A fim de você? Daniel, não seja ridículo! Se você sabia que eu era os olhos do
Sr. Otávio, por que me beijou naquela sala? Eu posso te tirar da empresa amanhã
mesmo se eu quiser.
–
Mas você não vai fazer isso comigo, Gisele!
–
Não pense que vou deixar barato, Daniel! – diz ela, acenando ao Uber que se
aproxima. – Ou você aprende a se situar no seu canto ou vá sofrer o peso das
consequências. Tenha uma boa noite!
–
Eu não tenho medo de você, Gisele!
De
dentro do carro, ela fica perplexa com a resposta dele. O Uber sai em seguida e
Daniel fica sério.
Neste
ínterim, Zeca estranha a demora de Gisele e acha que algo de errado está
acontecendo, mas Doroth tenta tranquilizá-lo. Algumas horas depois, ele cansa
de esperar e decide procurá-la, deixando a jovem preocupada.
“O
que será que houve com ela?”
Doroth
reflete sozinha.
Saindo
do apartamento, Zeca encontra Gisele pagando o Uber e os dois se encontram no
portão.
–
Gisele, fiquei preocupado com você. Está tudo bem?
–
Sim, Zeca! E por que está aqui no meu apartamento? Aconteceu alguma coisa?
–
Eu queria levar um papo contigo, mas você estava demorando.
–
Bom, vamos entrar que a gente conversa. – diz Gisele, indo na frente.
Daniel
decide ir na casa de Wallace e os dois conversam.
–
Então ela disse isso com todas as letras? Que ia te ferrar na empresa? Caracas!
–
Ela disse, mas sinto que foi da boca pra fora. Jamais vai ter coragem!
–
Está com medo irmão?
–
Medo? Nem um pouco. – diz Daniel, parecendo bem tranquilo.
–
Sei não hein? Essa Gisele parece ter um parafuso a menos. A garota é beijada e
depois nega o que sente. Depois ela te beija novamente e sai irritada. Cara, eu
não entendi essa mulher!
–
Ninguém consegue entender a cabeça das mulheres, mano! Mas digo uma coisa a
você: ela sente algo por mim. Tenho
certeza disso! Se não sentisse, não corresponderia ao meu beijo.
Wallace
consente.
Doroth
encontra Gisele chegando com Zeca e diz:
–
Onde estava, Gisele? Ficamos preocupados com você!
–
Problemas na empresa, mas nada que possa ser resolvido com calma. Você já
preparou o jantar? Estou exausta! – diz a secretária se jogando no sofá.
–
Estou quase terminando. – diz Doroth, tirando a lasanha do forno.
–
Hummm. Que cheiro bom vindo desta cozinha! – diz Gisele, sentindo o aroma de
longe.
–
Este cheirinho de lasanha é bom demais! – completa Zeca.
–
É bom sim, mas diz aí o que você queria falar comigo?
–
Gisele, eu queria falar contigo sobre a Grace.
–
A Grace? – Se surpreende Gisele.
–
Sim. Fiquei sabendo que ela pretende viajar.
–
Mas ela não me disse nada sobre isso.
–
Eu também não sabia. Eu fui fazer um favor para o pai dela e acabei ouvindo-a
conversar no telefone com alguém dizendo que iria viajar.
Gisele
fica preocupada neste momento e chama Doroth na sala. A jovem atende ao
chamado.
–
Você sabia que a Grace pretende viajar?
Doroth
se surpreende com a pergunta e nega, acenando com a cabeça.
Grace
arruma sua mochila no quarto quando o celular toca. Ela atende em imediato.
–
Oi! Você ainda está em casa? – diz uma voz misteriosa do outro lado da linha.
–
Sim. Estou! Mas daqui a pouco eu te ligo. Me espera!
–
Tudo bem! Vou ficar aguardando sua ligação.
D.
Alda bate na porta e Grace desliga rapidamente o telefone.
–
Filha, você está aí?
–
Sim mãe! Estou!
–
Filha, vem jantar! O jantar está na mesa. Vê se não demora ok?
–
Tá bom, mãe! Eu já vou. – responde Grace, mentindo e jogando a mochila janela
afora. – Desculpa, mãe! Desculpa pai! Mas eu prefiro mil vezes ir embora do que
ver vocês dois separados. – Ela diz consigo mesma.
E assim ela pula a janela. Pega a mochila e sai pela rua afora levando consigo a única bagagem que lhe pertencia. Longe de casa, ela telefona para o desconhecido.
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