Daniel
chega em casa e encontra seu irmão á espera dele.
-
E aí cara, vim te esperar aqui, mas não esperava que você chegasse tão cedo.
Vim falar prá você a novidade: aquilo que você me pediu para ajudar achar a tal
garota: a Grace...
-
Pode esquecer, cara, pode esquecer! - Disse Daniel antes que seu irmão acabasse
de falar. - Te agradeço por tudo, mas
não precisa mais não.
Daniel
se jogou no sofá exausto e abatido e Wallace estranhou seu jeito.
-
Que foi, fera, que aconteceu? Você parecia tão entusiasmado e empenhado em
ajudar a tal Gisele nesse caso. E eu sei muito bem porque, sabe disso.
-
Pois então pensou demais!
-
Perai cara, eu venho aqui na melhor das intenções tentando te dar uma moral no
que você me pediu e você me dá várias patadas dessa.
Daniel
estava estressado e olhou para o irmão ansioso. Seu olhar estava transtornado.
-
Desculpa ai, mano. Não é nada com você não. Não é nada disso. Eu é que sou um
babaca mesmo.
-
Perai, cara, o que aconteceu? Desanimou de ajudar a garota?
-
Não vale a pena não cara. Não vale a pena mais nada. Vamos sair prá tomar alguma
coisa e no caminho te conto.
-
Calma aí cara, você ta muito nervoso e cair na bebida assim sem mais nem menos
não vai adiantar nada. Não quer me contar o que ta acontecendo?
-
Porra, cara eu fui lá. Lá no apartamento dela. A Doroth me ajudou e me deu o
endereço para ir lá conversar com ela e hoje tinha certeza que ia colocar ela
na parede e tomar uma decisão em relação a nós dois. Esperava que ela ia parar
de me tratar mal às vezes que eu me declaro prá ela.
-
Poxa, cara imagino que ela não quis te receber ou que deu tudo errado!
-
Mais do que errado, cara. Quando ia chegando a porta tava meio aberta, pois
alguém parecia ter acabado de chegar. E você não imagina o que eu vi.
-
Viu o que, cara?
Wallace
olhava para o irmão sem entender e tão intrigado quanto o irmão.
-
Agora sei,... - Continuava Daniel - Agora eu sei porque ela me recusa e me dá
sempre fora. Eu devia ter vergonha na cara! Ela ta com aquele cara que eu vi
ela beijando.
-
Mas e aí?
-
Ai que eu meti o pé antes mesmo de entrar e falar com ela. Eu só vi porque
empurrei a porta que tava entreaberta e vi os dois se beijando. Ninguém me
contou não, cara, eu mesmo vi.
Wallace
via o quanto seu irmão tava arrasado e não o vira assim desde que ele teve a
crise amorosa com Maria.
Alda
e Emiliano continuavam a conversarem e o clima estava acirrado entre os dois.
-
Que é isso, Alda, você ta me mandando embora.
-
Eu quero que você tome uma decisão entre nós dois, Emiliano e entenda de uma
vez que não dá prá nós vivermos esses tormentos a ponto até de atingir nossa
filha e passarmos por essa agonia como agora.
-
Você que me persegue, Alda, sempre arrumando motivos para nossas brigas. Você é
a culpada de tudo. Eu já não aguento mais isso. E agora quer me culpar também
por tudo.
-
Eu quero minha filha de volta! E depois
que isso se resolver, você decide se vai continuar vivendo ao meu lado me dando
uma vida direito e digna.
-
Mas não te falta nada, Alda, e nunca faltou nem prá você e nem prá nossa filha.
-
Você sabe muito bem do que estou falando, Emiliano, você sabe. Nada é mais
precioso do que a atenção, o carinho, a companhia, tudo isso que você esqueceu
há tempos. Há muito tempo que você vive indiferente comigo e eu to me sentindo
um nada ao seu lado por causa desse teu tratamento comigo.
Emiliano
vira-se para o lado e Alda para o outro querendo chorar. Emiliano bem sabia do
que ela estava falando e ele realmente se sentia desgastado ao seu lado e não
sabia o que dizer.
O
silêncio foi quebrado com o toque do telefone. Sem ter noção da urgência ou não
do telefonema Emiliano vai atender, mas fala:
-
Deve ser Gisele com novidades.
Alda
se vira e fica olhando.
-
Alô!
-
Pai! - Do outro lado da linha.
-
Grace??? Onde você está?
Alda
corre quase que desesperada para o lado do marido ao telefone:
-
A Minha filha!!!
Do
outro lado da linha falando ao celular, Grace mal podia se dar conta do visual
que se descortinava diante dos seus olhos quando ela desceu daquele ônibus
naquela rodoviária daquela cidade balneária à três horas do Rio de Janeiro.
-
Eu to bem pai. To bem. Fala prá mamãe ai prá ficar tranqüila ai que logo que
puder to voltando.
Grace
sabia que seu pai iria insistir no telefone, mas que isso acontecesse, ela
desligou o celular e colocou em sua bolsa de novo. Nas suas costas estava com
sua mochila e parecia ter chegado naquela cidade para ficar.
Logo,
antes de pegar um táxi ela contemplou o mar que estava a sua frente e que fazia
parte da paisagem daquele ponto da rodoviária e reconheceu de longe o que ela
muitas vezes ela tinha visto de passagem em sites de turismo. Pelos contornos
das montanhas daquela ilha lá ao longe ela reconheceu: Era a Ilha Grande e que
logo ao pegar uma traineira em algum ponto próximo ali onde ela estava já
estaria lá.
Mas
antes disso, precisava se encontrar com uma pessoa que ela premeditadamente
tinha marcado no Facebook e que desejava conhecê-lo muito pessoalmente. E não
seria ali o local do encontro. Logo que conseguiu um táxi ali mesmo perto da
plataforma onde o ônibus a deixou ela se dirige ao motorista:
-
To querendo ir à um Shopping perto de um lugar chamado... esqueci agora, moço.
-
Sei. Perto das Marinas! - falou o Motorista - Entre moça!
-
Antes de ir pra este shopping, eu posso conhecer um pouco a cidade? Amo Angra!
-
Tudo bem então.
Quando
Grace entrou no veículo e se sentou na parte de trás, ela se sentiu incomodada
diante de uma paisagem tão deslumbrante e aquele vidro fumê do veículo
atrapalhando.
-
Posso descer o vidro aqui moço?
-
Sim! – Responde o taxista, sorrindo.
Num
aperto de botão, o vidro desceu e o sol daquela tarde ainda iluminava com
maestria a paisagem deslumbrante daquele local e o ar de montanha ainda
predominava de quando ela via durante a viagem pela estrada sinuosa de Santos
até aquela cidade.
Logo
que saiu da rodoviária ela pôde ver o carro se emaranhar no trânsito e diante
de uma orla maravilhosa, movimentada e que oferecia o cenário de várias ilhas
ali mesmo. Além do cenário da Ilha Grande de longe ela podia ver ainda outras
pequenas ilhas que fazia parte das trezentas e sessenta ilhas que se dizia ter
naquela região.
-
Que parte é essa da cidade, moço?
-
Essa aqui é a Praia do Anil. Praticamente estamos no centro da cidade. Mas a
moça não é daqui de Angra dos Reis?
-
Não. Sou do Rio.
-
Vem à casa de parentes por aqui?
Grace
deu um sorriso e falou.
-
Não moço. Na verdade, vim atrás de uma paquera que eu conheci pela internet e
vou me encontrar com ele nesse shopping aí das Marinas. Vai demorar chegar,
moço? - Pergunta ela feliz e radiante por estar em Angra dos Reis.
Comentários
Postar um comentário
Deixe o seu feedback sobre o que ando postando regularmente!