Quando
o táxi de Grace estacionou próxima a calçada na entrada do shopping, ela saiu
do carro e colocou os óculos escuros aos olhos e jogando para o lado as mechas
de cabelos que teimava roçar seu rosto ao sabor do vento do mar que soprava
naquela tarde de sol ainda forte e que de certa forma ofuscava a sua vista.
De
certa forma estava ansiosa, curiosa e um tanto aliviada também por estar
naquele lugar que ela mal conhecia, mas que ouvira muito falar. Nunca havia
estado antes em Angra dos Reis. Aliviada por ter a coragem de se depreender de
casa onde nos últimos dias estava agoniada por causa das discussões constantes
dos pais e por não aguentar mais ver de perto aquela situação. Ela imaginava
estar ali à duas horas de viagem da Capital atrás de sua possível felicidade,
“daquele” que poderia lhe proporcionar a vida que ela sempre sonhou ou pelo
menos desejava nos últimos meses em que conversava com “ele” pelo Face.
Começou
a andar pela calçada do shopping e entrou no saguão ansiosa. Havia combinado
com a “pessoa” de se encontrarem ali naquele lugar e ele a buscaria. O lugar
estava vazio e não havia muito movimento. Ela se sentou num banco próximo à uma
das lojas do andar térreo e abriu o Whatsapp no telefone.
Seus
gestos eram observados no parapeito lá de cima, e “ele” também abriu o telefone
e já estava on-line desde muito tempo à espera do contato dela.
Grace
sorriu discretamente e seus olhos pareciam brilhar quando “o” viu também
on-line. E começou a escrever:
-
Oi. Não te disse que vinha?
Ficou
esperando a resposta dele.
Observou
que “ele estava digitando...”. A resposta já estava a caminho.
- Eu pensei que você não tivesse tanta coragem!
Ele
saiu do parapeito do andar de cima onde a observava e em vez de descer as
escadas para a direção onde ela estava, saiu apressadamente em direção ao
pequeno cais ali em frente ao Shopping no externo e se encaminhou para o píer.
Grace
sentiu que ele estava demorando a responder e resolveu ligar pela chamada de
voz.
Ele
sentiu o telefone vibrar e tocar no bolso, mas não atendeu imediatamente, pois
tinha algo a fazer. Na verdade, “ele” queria surpreende-la.
Grace
ficou um tanto trêmula de ansiedade e se levantou olhando para os lados
ansiosa. Não sabia se caminhava ou ficava parada ali. O telefone não atendia e
isso a deixava inquieta.
Sentou-se
de novo e abriu o Whatsapp novamente.
Ela
viu que “ele” ainda estava on-line. Mas porque razão “ele” não atendia o
telefone? - Se perguntava ela.
Doroth
chegou mais que depressa no apartamento de Gisele depois do expediente no
escritório e não só estava curiosa para saber o que aconteceu e intrigada do
que poderia ter acontecido entre ela e Daniel. Será que Daniel deixou mancada e
houve algum desentendimento com Gisele? Ele saíra lá do escritório naquela
tarde tão decidido a tomar uma atitude a mais para conquistar Gisele. O que
será que aconteceu? – Se perguntava Doroth.
Gisele
veio recebê-la na porta ansiosa e sua expressão era de aflição.
-
Ô amiga. To aqui. Fala. Você estava tão nervosa ao telefone.
-
Obrigada Doroth por ter vindo aqui. Eu to precisando desabafar. Muito...
As
duas se sentaram e ficaram de frente uma para a outra.
-
Doroth... – Começou Gisele, mas se referindo a Zeca. - Aconteceu amiga! Ele
veio aqui e...
-
Veio??? – Interveio Doroth surpreendida, mas se referindo a Daniel, mas não
quis falar ainda que dera o endereço a ele.
-
Eh, ele veio aqui entrou por essa porta e aconteceu o que não esperava.
-
Como não esperava, amiga? Mais cedo ou mais tarde isso iria acontecer mais
seriamente. Gisele você está sendo muito dura.
-
Ele me disse algumas palavras, me agarrou, me beijou e... - Um sorrisinho
despontou do rosto de Gisele ao falar aquilo.
-
E então? - Falou Doroth – Vai continuar reticente, de coração fechado, não
dando chance a você mesma de ser feliz?
-
Eu não o quero mais, Doroth! O meu coração parece se abrir, e eu começo a viver
uma inquietude por causa de outra pessoa que você sabe quem é. Pela primeira
vez estou confessando isso a você abertamente.
-
... Ah, é?! – Doroth ficou mais surpreendida não entendendo muito bem ainda e
se levantou.
-
Amiga me ajuda! Estou tão confusa! Ainda mais do que aconteceu hoje à tarde
aqui. Eu só o quero como amigo! Eu estou definitivamente apaixonado por outra
pessoa.
Doroth
estava mais intrigada ainda com aquela conversa de Gisele e não estava
entendendo mais nada. E falou:
-
Olha amiga, eu tenho que te falar uma coisa. _ Se sentou novamente ao lado dela
ao sofá.
-
Ele conversou longamente comigo lá na repartição hoje á tarde e eu vi a
sinceridade do coração dele. Sei que ele te ama de verdade e resolvi ajudá-lo.
Eu o incentivei a vir aqui e abrir o coração prá você.
Gisele
se levantou olhando para a amiga intrigada.
-
Você ta louca, Doroth? Como é que você pode fazer uma coisa dessas?! Eu não
quero esse cara na minha vida. Nunca mais.
-
Mas Gisele, não faça isso. Ele é a chance de você ser feliz, é capaz de tudo por
você! Eu sei, eu vejo nos olhos dele e nas atitudes dele que... Que ele quer
você. Ele te ama de verdade, entende?
Gisele
estava confusa e não estava entendendo a amiga e suas palavras. E logo ela que
sabia tudo o que ela passou.
-
Não, Doroth, você só pode estar brincando comigo!
-
É verdade! Ele saiu lá do escritório tão resoluto, tão decidido! Eu sabia que
ele vinha aqui falar contigo e pensei também que você ia acabar de uma vez por
todas com essa intransigência com o rapaz.
-
E é dele mesmo que eu to falando!
-
Como assim? Aqui??? Ele vinha aqui??
-
Sim, o Daniel! Ele tava vindo prá cá falar contigo. Não foi ele que te deixou
assim nervosa e inquieta como você está agora?
Gisele
levou a mão ao rosto pasmada e mal podia acreditar nessas últimas palavras de
sua amiga.
-
O... O Daniel?!
-
Que foi Gisele? Afinal de contas você ta falando de quem? O Daniel não esteve
aqui?
-
Eu to falando do Zeca, Doroth. Foi ele que esteve aqui me pedindo prá voltar e
quase me beijando a força.
"Daniel
não veio. Não cumpriu o que prometeu!" – Pensou Doroth olhando para Gisele
também pasmada.
-
Eu quero o Daniel, Doroth. Eu admito isso. E tudo o que eu queria nessa tarde é
que ele tivesse do meu lado e entrasse naquela porta e me dissesse tudo o que
tinha para me dizer. Dessa vez eu acho que não iria resistir!
Doroth,
ouvindo aquilo não podia agora imaginar o que poderia ter acontecido. Porque
será que Daniel não veio? - Ela tentava entender.
(...)
Daniel
sai do chuveiro e se arruma pra ir ao trabalho quando batem à porta.
-
Só pode ser o Wallace pra chegar a esta hora. -Ele comenta, envolvendo a toalha
pelo corpo e abrindo a porta.
-
Oi! -Diz uma jovem morena de olhos claros e corpo esbelto.
Daniel
se surpreende ao ver que sua ex estava ali na sua porta.
-
Maria?
-
Se maomé não vai a montanha, a montanha vai até maomé.
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