Sempre observando tudo ao seu redor com um
sentimento de repulsa e nariz empinado, Estela pergunta:
- Bom, eu posso entrar? – Diz parada na
porta da casa de Kathleen, que fica insegura com a sua visita.
- Claro. Fique à vontade. -Ela responde, deixando-a entrar.
- É uma bela casa. Simples e bem
bonitinha. -Cercando os olhos ao redor da casa, ela observa o menino sentado no
sofá com alguns brinquedos em volta. - Seu filho?
- Sim.
Ele se chama Vinícius. E minha casa é simples mesmo. Só me desculpe a bagunça.
Eu não estou acostumada a receber visitas tão finas como você em minha casa. -
Ela responde a sua pergunta gentilmente.
- Kathleen, eu vou direto ao ponto. Sem
rodeios.
- Sim. Diga! -Ela tenta se manter calma.
- O motivo de eu estar aqui em sua casa é
referente ao Wellington.
- Bem, eu não entendo o que quer dizer.
- Você vai começar a entender melhor o
assunto depois que me ouvir. Podemos conversar?
- Sim. Sente-se que eu vou preparar algo.
-Ela tenta não desviar o assunto e decide ir pra cozinha.
- Não será necessário querida. Eu serei
bem rápida e clara. - Ela a detém por um segundo.
- Tá bom! Diga o que queres!
- Eu gostaria de lhe avisar para não se
enganar com o Wellington. Ele é charmoso, boa pinta, mas no fundo adora se
aproveitar de jovens inocentes como você. -Ela responde, objetiva.
- Por que está me falando isso,
Estela? Eu não tenho nada com o seu
namorado.
- Eu apenas estou te alertando, Kathleen.
Quero ser a sua amiga.
- Desculpe, mas eu preciso cuidar do meu
filho e não estou a fim de amizades.
- Entendo. Só espero que o Wellington não
lhe faça sofrer, porque eu estou farta de ser enganada por ele. E pense
direitinho no que eu te disse: você pode achar que ele é a pessoa certa, ideal
pra cuidar do seu filho e da sua casa simplesinha mas eu te garanto: Ele não é,
Kathleen! Ele é um homem cheio de defeitos como qualquer pessoa no mundo.
Enfim, ele não é o príncipe encantado que você espera, não!
- Estela, eu não entendo a sua visita em
minha casa. Por que você acha que eu tenho algo a ver com esse assunto?
- Querida, não se engane a si mesma. Eu
sei reconhecer quem está encantada por alguém. Está escrito na sua testa que
você gosta do Wellington, mas como você pode ver, eu também estou na luta. Eu era como você, Kathleen, coitadinha,
inocente. Eu fui e não sou mais. Eu só te aviso uma coisa: fique longe dele,
porque senão, você vai se ver comigo. Wellington tem dona e só eu sei cuidar
dele direitinho. -Diz Estela, saindo da porta afora. - Espero que você reflita
em tudo que lhe disse. Eu não gosto de perder Kathleen. Eu não sou mulher pra
perder nada. Wellington pode fazer qualquer uma de trouxa, mas eu sei jogar o
meu jogo direitinho e pode ter certeza: com ele ninguém fica! Até mais!
Kathleen engole a seco cada palavra e
fecha a porta transtornada.
Alguns dias depois, Ariosvaldo chega à
casa de Daisy e a leva até à festa de aniversário de um amigo seu chamado
Pietro. Chegando por lá, Pietro, o
aniversariante os cumprimentam, quando Cecília também resolve aparecer.
- Parabéns! -Ela chega, o cumprimentando na frente de
todos.
- Obrigado por vir, Cecília! E a Mel? Ela
não vem?
- Sim. Ela deve estar chegando por
aí. -De repente, ela observa o casal ao
lado e resolve cumprimentar também. -- Oi,
Daisy! Oi, Ariosvaldo!
- Oi, Cecília! - Só ele responde,
deixando Daisy do seu lado, enciumada.
Cecília sai devagar e Daisy decide
interrogar Ariosvaldo.
- Por que ela está aqui?
- Ela foi convidada pelo Pietro também.
Esqueceu que os dois já foram namorados?
- Não, Ariosvaldo. -Diz ela chateada.
- O que está havendo meu amor? Eu não
tenho culpa que ela está nessa festa também.
- Eu sei disso. Eu só acho que não gosto
do jeito como ela olha pra você.
- Você é muito boba sabia?
- Eu boba né? Ariosvaldo, vai ver o seu
destino é ela e não eu.
- Se você voltar a repetir isso, eu saio,
ok! -Ele muda.
- Desculpe. -Ela pede, envergonhada. -Eu não quero que
você mude comigo. Eu estou feliz e quero continuar assim.
- Que bom né? -Ele responde, sério lhe
afagando os cabelos negros.
Daisy aproveita o embalo da música e o
beija nos lábios, tentando fazer aquela pequena discussão ser esquecida no ato.
Cecília se sente sozinha na festa e Mel
percebe, ao chegar ao local.
- Parece que a festa não está nada boa
pra você, hein?
- E não está mesmo. -Ela revela, descontente.
- Por que está triste?
- Por que eu só faço bobagens, Mel.
- É o Ariosvaldo, não é?
- Poxa, está tão visível assim?
- Cecília, minha amiga. - Ela a abraça
carinhosamente. - Por que você não muda a sua atitude hoje? Vá se divertir,
encontrar alguns carinhas bacanas. Desencalha dessa ideia de reconquistar quem
já está perdido, ora. Vai lá falar com o Pietro novamente! Vocês podem se
acertar de novo.
- Tem razão. Eu sou uma tola mesma por
achar que ainda posso conseguir algo com o Ariosvaldo. Mas não quero mais nada
com o Pietro. Eu não estou mais a fim dele como estava antes.
- Você merece ser feliz, Cecília.
- Mel, eu cometi um erro com o
Ariosvaldo. Jamais enxerguei a pessoa bacana, sincera nele. Aliás, eu me
diverti com o sentimento dele. Eu deixei que ele sofresse por minha pessoa.
Sinceramente, tenho raiva de mim mesma.
- O leite está derramado, Cecília. Não
tem mais nada a fazer. Você mesma causou isso tudo. Não teve um dia na escola
que ele te cercava, te mandava cartas que por sinal eu acho que foram parar no
lixo…
- Não amiga! Eu guardei cada uma delas,
mas nunca contei pra ninguém.
- Cecília, porque você brincou com o
sentimento dele então? Você foi egoísta consigo mesma!
- Eu sei disso, amiga. Eu sei que o amor dele, eu já não tenho mais
mesmo. Eu perdi essa chance. Hoje eu estou reconhecendo isso!
- Então, por que não muda esse rosto e
levante-se pra vida? - Aconselha Mel, disposta a ajudá-la no que for pra
tirá-la daquele sentimento ruím. - Escute aqui: promete que não vai atrapalhar
o relacionamento dele com a Daisy?
- Não amiga. Jamais me passou pela cabeça
isso! Eu quero que eles sejam felizes. Obrigada por ser minha amiga de verdade
viu? - Ela agradece, contente.
Enquanto isso, Hiroshi diz a Kathleen que
vai viajar para o Japão amanhã bem cedo e os dois decidem aproveitar o dia
juntos. Estela pede ao detetive para lhe informar sobre o namorado novo da
jovem, que anda desviando a atenção de Wellington e ela descobre que o turista
é japonês, vindo do exterior. Já
Wellington decide procurar Kathleen novamente, mas um telefonema o impede de
sair.
- Alô!
- Oi, Wellington! Sou eu, Estela!
- Oi, Estela! Tudo bem?
- Tudo. Eu estou te incomodando?
- Não. Eu apenas iria sair um pouco. Mas
não tem problema. Diga-me o que quer?
- Eu só liguei pra te pedir desculpas. Eu
fui muito grossa com você e não foi legal a nossa conversa. Você me perdoa?
- Claro. Eu também fui grosso contigo.
- Wellington, vamos tentar sermos apenas
amigos?
- Amigos? - Ele se encabula. - Claro!
- Ótimo, porque eu achei que eu tinha
perdido até isso.
- Não. Você não perdeu a nossa amizade.
- Eu entendo os seus motivos agora. Eu
refleti muito sobre a nossa relação e acho que fizemos a coisa certa, embora,
eu ainda tenho esperança de que ficaremos juntos outra vez.
- Estela, não dá mais. Esqueça essa
esperança.
- Claro!
Você ama outra pessoa, não é mesmo?
- Sim. Agora, eu estou convicto disso.
- É uma pena, Wellington! Eu te desejo
sorte nessa sua nova iniciativa.
- Obrigado, Estela!
- Bye! - Ela desliga o telefone e pensa
com seus botões. - Você ainda vai ser meu, nem que eu tenha que acabar com a
vida dessa mulherzinha.
No dia seguinte, Hiroshi parte rumo ao
seu país e deixa Kathleen desolada com a sua partida.
De volta pra casa, ela encontra o pai
Ezequiel acompanhado de Yoná que a apresenta.
- Essa é a Kathleen, minha filha!
- Prazer em conhecê-la! Sou Yoná. - A gentil mulher revela.
Kathleen fica feliz pelo pai ter
arranjado uma pessoa em sua vida.
Ezequiel aproveita e apresenta o neto a
sua amada também, fazendo Keyla da cozinha, sorrir à toa.
Na escola, a professora de educação
física decide fazer um concurso de dança que vai eleger a rainha e o rei da
primavera e organiza os sorteios de pares. Ela anuncia o primeiro casal que vai
participar da festa e todos ficam na expectativa.
- O primeiro nome que vai ser contemplado
é Cecília! -Ela ecoa em voz alta, fazendo a jovem sorrir alegremente. - E o rapaz que vai dançar com ela será...
Os meninos ficam ansiosos pra ouvir a
resposta.
- Ariosvaldooo! - Ela revela.
Ariosvaldo não esperava por isso, mas
também não fica triste, aliás, ele desejava muito um dia dançar com o seu
grande amor, porém ele está num beco sem saída, pois Daisy não gostou muito
dessa decisão.
- Parece que você tirou a sorte grande! -
Ela diz, distante dos outros.
- Daisy, não fica chateada. Foi apenas um
sorteio.
- Eu sei, mas tinha que ser justamente
com ela.
- Daisy, você confia em mim?
- Sim. Por que essa pergunta?
- Por que às vezes, eu sinto que você não
confia em mim.
- Desculpa!
- Tudo bem! Eu vou dançar com a Cecília,
mas não vai passar disso, tá legal!
Mel se aproxima de Cecília e diz:
- Essa é a sua chance! Parece que o
destino está ao seu favor.
- Mesmo assim, eu não quero!
- Como assim? - Ela se surpreende com a
resposta.
- É isso mesmo que você ouviu! Eu não
quero me aproveitar de uma situação que não tem nada a ver comigo.
Nesse ínterim, Irineu diz a Nair que
jamais esquecera do passado que viveu com ela e Rubi ouve da escada.
- Você precisa entender que amo meu
marido e sou fiel a ele.
- Eu tento entender o seu lado Nair, mas
eu não consigo te esquecer. Poxa, eu ainda sinto saudades daqueles velhos
tempos.
- Você está me complicando Irineu! Eu
tenho uma família agora e você precisa encontrar uma pessoa que lhe faça feliz
e que corresponda ao seu sentimento. Esquece o passado pelo amor de Deus!
Rubi ouve o diálogo e fica chocada.
- Eu não acredito no que meus ouvidos
ouvem. - Ela fica pasma.
De repente, Teófilo chega e encontra
Irineu e Nair na sala.
- O que ele faz aqui?
- Teófilo, já conversamos. -Diz Nair.
- Eu quero ele fora da minha casa.
- Irineu só sai daqui se eu permitir.
- Ah, é! Então, você está fora também!
- O que? Eu não entendi!
- Nair, eu quero você e o seu primo fora
dessa casa agora.
- Teófilo, que loucura é essa? - Se
intriga Irineu. - Não pode mandar sua
mulher ir embora assim.
- Irineu, você fica quieto, ok!
- Eu não vou sair daqui, Teófilo! - Se ira Nair. - Eu tenho meus direitos.
- Irineu, fora da minha casa! -Diz Teófilo, nervoso.
- Teófilo, eu não sabia que você se
tornaria uma pessoa ruím. - Diz Irineu saindo da porta afora.
Nair decide segui-lo e Teófilo senta no
sofá. Rubi se diverte com a situação.
- Irineu, me desculpa! -Diz Nair, preocupada.
- Nair, eu é que peço desculpas. Eu não
devia ter entrado na sua casa. Eu sou o culpado por causar essa situação toda.
- Não!
Eu não quero que você se sinta desse jeito. Teófilo é rude, ignorante,
mas se levar ele numa boa, ele é uma pessoa legal.
- Nair, não me tente convencer de que
tudo ficará bem entre nós. Seu marido me
odeia. Isso é fato. Não vai mudar.
- Mesmo assim, eu peço desculpas.
- Nair, você não tem culpa do que
aconteceu aqui.
- Irineu, pra onde você vai agora?
- Quem sabe, pra um hotel próximo daqui.
Não se preocupe, eu ficarei bem.
Nair abraça Irineu e diz:
- Eu espero que você não fique chateado
comigo.
- Mas que loucura é essa? Nair, espero que você seja feliz e que
preserve o seu casamento. Eu me sentiria um idiota completo se você sair dessa
casa e se separasse do Teófilo.
Nair entende aquelas palavras e se
lamenta.
Irineu sai e Rubi olha da janela.
- E aí, Nair? Não vai sair dessa casa,
não?
- É impressionante o seu cinismo. Mas como você me perguntou, eu não vou sair
daqui, não! Você pode comprar uma dúzia de ramalhetes, mas nenhuma delas irá
acabar com o meu casamento.
- Ramalhetes? Você está doida.
- Pensa que eu não sei, Rubi. Seu pai é
um cego. Quando ele realmente enxergar a filha que tem, jamais lhe perdoará.
Você será banida dessa casa e dessa família e eu não vou estender a minha mão
pra te ajudar. -Diz Nair, entrando de
novo em casa.
Wellington reencontra Kathleen na praça e
Sheyla decide passear com Vinícius, deixando a sós.
- Por que voltou a me ver?
- Por que eu senti a tua falta.
- Wellington, será que não entendeu ainda
que eu não estou a fim de ficar contigo?
- Sem você na minha vida, nada faria
sentido! -Ele diz, se aproximando
rapidamente e a beijando nos lábios.
Sheyla e Vinícius ficam surpresos com a
cena dos dois e o detetive tira fotos do casal disfarçadamente.
O detetive traz fotos de Kathleen com Wellington aos
beijos
a Estela que fica feliz.
- Obrigado, Matias! Chegou a hora de eu
conhecer os japoneses.
- Bom, o meu serviço está feito! Agora é
contigo!
- Eu sei disso! Mas não pense que
terminou. O seu serviço ainda continua a minha disposição.
- Certamente, senhorita Estela!
- Agora, me dê licença! Tenho que fazer
uma ligação.
O detetive sai e Estela disca o número.
- Alô! Eu gostaria de uma passagem para
Tókio! Sim. Primeira classe. Não! É importantíssimo que eu faça essa viagem
ainda essa semana. Ok! - E ela reserva
uma passagem em seu nome. - Já que Kathleen está tirando Wellington de mim, então o japonês
precisa saber disso não é mesmo? Você está na minha mão Kathleen! - Ela reflete
sozinha.
Ezequiel caminha com Yoná pela praça.
- Será que seus filhos me aceitariam?
- Que bobagem, Ezequiel! É claro que eles
te aceitam.
- Eu fico inseguro com essa situação.
- Você me ama ou não?
- Mas que pergunta? É claro que eu te
amo.
- Então, não se preocupe! Tudo vai dar
certo!
Ezequiel sorri meio sem jeito e a abraça
carinhosamente.
Enquanto isso, Nair tenta conversar com
Teófilo e os dois se desentendem mais ainda. Arthur ouve a discussão e decide
falar com a Rubi.
- Por que você nos odeia tanto?
- Arthur, me deixa em paz, tá legal!
- Você vai se arrepender do que está
fazendo.
- Vai embora! Saia daqui, seu doente! - Ela
o empurra da porta afora.
Arthur sofre com aquela humilhação e Nair
sai do quarto.
- O que você fez com ele, Rubi?
- Nair, não torra a minha paciência.
Nair dá um tapa na face de Rubi, que
vira. Teófilo segura Nair por trás.
- Isso é pra você nunca mexer com o meu
filho.
- Você não podia ter feito isso. Você não
é a minha mãe. - Grita Rubi.
- Sim.
Eu não sou. Eu fico grata por não
ser a sua mãe, porque se eu fosse, você não estaria desse jeito, Rubi. - Diz
Nair, brava.
Teófilo fica perplexo com Rubi.
- Não grita com ela, Rubi! Será que não
tem respeito nessa casa? Por que brigar com o Arthur? Ele é diferente sim, mas
é normal como todos nós. Ele não tem culpa de ter nascido autista. - Declara
Teófilo bravo, fazendo Nair se lamentar e Arthur sofrer ainda mais.
- Eu odeio todos vocês! - Ela entra no quarto e bate a porta.
- Filho, você está bem? - Ela pergunta a
Arthur que chora. - Vai ficar tudo bem!
Eu prometo! Nem que eu tenha que sair
dessa casa, mas vai ficar tudo bem.
Teófilo encara Nair e sai do quarto.
Nesse instante, Irineu decide passar num
bar próximo pra beber um copo de cerveja quando Simone pede um copo também.
- Oi, você mora por aqui?
- Sim. Eu moro. E você?
- Não. Eu sou de Porto Alegre. Estou a
passeio. Vim visitar a minha prima que mora aqui.
- E qual é o nome dela? Talvez eu a
conheça!
- Nair. Ela é esposa de Teófilo.
- Ah, claro! Eu a conheço bem. - Diz Simone, alegremente.
A partir daquele momento, Irineu começou
a achar que não havia motivos pra voltar pra Porto Alegre, pois seu coração
marcara uma meta diferente.
Próximo Capítulo: 21/06 (20hs)
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