Neste ínterim, Christine volta da cozinha e
segue para o quarto. Ela encontra as roupas do marido sob a cama e decide
organizá-las no camiseiro, quando de súbito vê uma marca de batom na gola da
camisa branca. Ela fica revoltada com a situação e entra no banheiro
imediatamente, o flagrando dentro do Box nu.
“No momento que Matt estava deitado,
roncando sobre a cama, Suzi passou um batom nos lábios e pegando a roupa dele,
decidiu deixar sua marca de propósito. Ela sabia que Christine poderia perceber
a marca de batom na camisa do marido.”
– Amor, o que houve? – Ele pergunta
intrigado e todo despido, ainda molhado pela água morna que caía do chuveiro.
– Você estava com outra, né? – Ela o
interroga com a camisa na mão.
– Christine, eu posso explicar tudo. – diz
Matt, sem palavras em mente.
– Quem é a ordinária, a safada com quem anda
me traindo? Me conte a verdade,
porque estou farta de ser enganada.
– Querida, eu vou confessar, sim! Eu fiquei
com uma pessoa, mas eu juro que foi só esta noite. Eu te amo, Christine e o que
houve só foi uma simples aventura, nada importante.
Christine fica cheia de ódio e dá um tapa no
rosto de Matt.
– Eu merecia isso! – diz ele, consentindo.
– Você não merece apenas um tapa, Matt! Você
merece ficar sozinho porque perdi totalmente a vontade de continuar nesta casa
e bancar a esposa fiel. Cuidar dos afazeres da casa, dar atenção ao nosso filho
e se preocupar com um homem que não me dá
valor, não me dá crédito algum. Um homem que só pensa em si mesmo e que esquece
às vezes que tem uma família pra cuidar.
– Você está sendo injusta comigo. Eu admito
que errei sim, mas a minha responsabilidade com a minha família ainda continua
firme e forte. O que houve comigo esta noite foi apenas um vacilo que não vai
acontecer mais. Eu te juro! Só não vem colocando mais ideias na minha cabeça
que eu já estou farto, ok! – Ele grita com ela, se envolvendo na toalha.
– Você parece diferente. Não é o mesmo Matt
que eu conheci há onze anos. Você mudou e eu finalmente estou percebendo agora.
Tudo por causa desse maldito trabalho!
– Não foi o meu trabalho que mudou a nossa
relação, Christine! Você sempre foi superior e indiferente em tudo. Quando
estou ao seu lado, eu não consigo respirar direito. São tantas cobranças, é
tanto isso e aquilo. Eu estou ficando louco!
– E aí você teve a audácia de me trair com qualquer vagabunda que
passasse na sua frente, né?
– Sim. Eu traí você sim, mas não foi
intencional. Eu só queria viver uma distração, Christine! Eu queria esquecer um
pouco toda a situação que anda acontecendo em minha vida. O meu trabalho
perigoso, os problemas que ando tendo em casa, tudo.
– Eu entendi, Matt! Não precisa mais
explicar nada.
– Amor, desculpa! Eu não queria ter ficado
com outra.
Matt toca em seu rosto e se aproxima pra
beijá-la.
– Por favor, não ouse me tocar! – diz ela, dando de ombros e se
afastando. – Acabe o seu banho e tome o seu café!
– Christine, volta aqui! – Ia dizer Matt,
quando ela fecha a porta rapidamente.
Enquanto isso, Brendha faz compras no
shopping com a tia, que se afasta um pouco pra experimentar algumas peças de
roupas enquanto policiais fazem sua segurança de longe. Alguns homens desconhecidos
a observam atentamente e sacam suas armas. Bem afastado dali alguém aguarda um
telefonema.
De repente, o telefone toca e ele atende.
– Pode falar!
– Encontraram a menina?
– Sim. Achamos ela! - Responde.
– Tem a minha carta branca. Podem agir! –
Ele ordena.
Sr. Smith tecla no computador quando Matt
entra em seu escritório.
– Você está com uma cara péssima, meu amigo!
– Claro. Pensou que eu estaria com uma cara
boa, depois de tudo que aconteceu?
– Mas o que é que houve agora. Mas uma
vítima!
– Antes fosse. O problema foi em casa mesmo.
– Hum. Então, diga logo, rapaz!
- Minha mulher descobriu que estou a
traindo.
– Matthew! E agora, meu amigo?
– Eu não sei o que fazer. Ela está irada
comigo e pensa em ir embora com o meu filho. – Ele responde, agoniado.
Sr. Smith fica sem palavras no momento.
Christine surge no condomínio de Suzi, que a
atende gentilmente.
– Oi, amiga! Eu não a esperava por aqui.
– Suzi, você pode me ajudar?
– Ajudar você? O que houve, amiga? Estou te
sentindo diferente.
Christine a abraça.
– Estou confusa, perdida. Eu estou sem chão,
Suzi!
– Christine, estou ficando preocupada. – diz
Suzi, lhe convidando a sentar no sofá e servindo um copo d’água. – Agora, me conte o que está havendo pra você ficar
desse jeito?
– Eu estou sendo traída, Suzi! Meu marido
anda me traindo com outra mulher. – Ela desabafa.
– Oh, céus! Christine, eu sinto muito! – diz
a jovem, se sentando próxima da amiga e a consolando, fingindo estar chocada.
– Eu não sei o que fazer, Suzi! Matt nunca
agiu assim. Ele sempre foi fiel a mim. Acho que a culpa disso tudo é minha. Eu
devia ter ficado mais ao lado dele. Devia ter apoiado. Eu preciso fazer algo,
Suzi!
– Não se sinta assim, Christine! A culpa não
é sua.
– Matt está diferente comigo, Suzi, desde
que ele se envolveu nesse caso de homicídios, que por sinal, está demorando
muito pra ser resolvido. O trabalho está nos afastando cada vez mais. E agora,
surge essa novidade: ele resolve me
trair.
– Mas você tem certeza disso?
- Tenho. Eu vim com esses olhos que a terra
há de comer. Eu vi a marca do batom da vagabunda na camisa do meu marido. Ah
que ódio!
Suzi fica em silêncio por alguns minutos.
– Se eu soubesse quem era a vagabunda, eu
não deixaria barato. Eu acabava com a vida dessa mulher, Suzi! – diz Christine,
irritada. – A sorte dela é que eu não a conheço. Mas um dia vamos nos
encontrar. Tenho certeza de que não vai demorar muito.
– E o que pretende fazer agora?
– Eu vou ir embora com o meu filho.
Suzi sorri por dentro ao ouvir aquilo.
Já no shopping, Brendha é raptada por um
homem desconhecido, mandado pelo misterioso conhecido de Suzi. Tapa-lhe a boca
dela com um lenço e a faz desmaiar sob o efeito de alguma droga que causa
inconsciência. Assim que ele entra no carro com ela e foge, o shopping fica em alerta.
Policiais invadem o local atrás de indícios que possam levar ao sequestro
relâmpago da menina e sua tia fica preocupada em estado de nervos. Sr. Smith
recebe o chamado e Matt fica indignado com a ação da polícia.
– Eu sinto muito Matt, mas não podíamos
fazer nada. Pegaram-nos de surpresa.
– Você sente muito, Sr. Smith? É
impressionante como essa situação está se agravando cada vez mais. – diz Matt,
se sentindo de saco cheio.
O delegado fica sério diante do policial.
Horas depois, Matt encontra Suzi no
condomínio e pede uma explicação sobre a sua atitude que provocou
desentendimentos em sua relação com Christine.
– Ora Matt, conseguiu finalmente se decidir?
Sentiu minha falta né? – diz ela, tocando em seu rosto.
Matt se afasta e continua.
– Por que marcou minha camisa com batom? Por
sua causa, eu briguei com a Christine e ela pensa em terminar tudo. Você está
satisfeita agora?
– O destino nos escolheu, Matt! Fomos feitos
um pro outro. Só você não enxerga isso.
– Destino? Eu não acredito em destino. O que
houve com a gente não passou apenas de uma coincidência, um encontro que virou
uma simples aventura, nada mais do que isso.
– Então você acha que eu sou uma aventura
pra você? Que eu não tenho sentimentos? Ora essa!
– Suzi, não existe amor em nossa relação.
Apenas desejo! Nada mais. Eu me envolvi
com você apenas por uma fantasia sexual. Diferente de Christine, que eu me
relacionei com amor, sentimento puro e verdadeiro, algo que vêm do fundo do
peito.
– Eu entendo, Matt! Eu posso não ter o seu
amor de verdade, mas pelo menos pra algo eu sirvo. Sou apenas uma amante pra
você e amantes não são pessoas importantes na vida. – diz ela, servindo- se de
um uísque. – Ah, e antes que eu me esqueça,
sua esposa esteve aqui! Christine, o grande amor da sua vida!
– O que ela veio fazer aqui, Suzi?
– Veio desabafar um pouco. Que coisa feia,
Matt! Traindo sua mulher.
– Não é hora de ficar brincando, Suzi! Você me colocou nessa roubada. Aguente as
consequências!
– Roubada, não, meu amor! Paixão. Você
continuou também porque quis. E cá pra nós, a nossa relação é perfeita, né?
Você me completa, Matt em todos os sentidos.
– Você é uma cilada perfeita pra mim. É isso
que eu percebo!
– Somos como a corda e a caçamba, meu amor!
Precisamos um do outro.
Matt fica em silêncio e Suzi continua.
– Diz aí! Quando começou a trabalhar como
policial hein?
– Por que quer saber disso agora?
– Deixa de ser infantil, Matt e responda a
minha pergunta!
– Tudo bem! Eu tinha dezoito anos. Havia
perdido meus pais e tive que morar com uma avó. Eu gostava muito de ser
policial e me formei na corporação aos vinte e dois, onde conheci o Sr. Smith,
que me considerou como um filho e me ajudou a ingressar mais na minha
profissão. Trabalhei como guarda de trânsito por um ano antes disso. Nunca
corri atrás de bandido. Eu apenas deixei que eles me levassem até ele. – Ele decide se sentar e servir de uísque
também.
– Interessante, Matt! E como conheceu
Christine?
– Eu estava num banco quando houve um assalto.
Lembro bem desse dia como se fosse ontem. O assaltante entrou e provocou muita
confusão. Neste dia, eu estava armado, porque sempre tive uma defesa. O
assaltante tentou pegar alguns clientes como reféns e eu tive que fazer algo
pra ajudá-los. E lá estava ela, no meio de tantas pessoas apavoradas. Christine
estava temida com a situação e eu não hesitei. Eu saquei minha arma e com a
força e coragem, eu decidi agir por conta própria e tentar manter a ordem no
local. Não havendo concordância, sem piedade, eu atirei no bandido, que marcou
o início da minha carreira como policial.
– Nossa, Matt! Você foi um grande herói pra
Christine.
– Eu sei. Mas agora, não sou o herói de
ninguém. Existe um assassino à solta e eu não posso fazer nada pra detê-lo.
Tenho apenas pistas que não me levam
a nada.
– É o caso de Regina Winston, né?
– Exatamente. Bom, eu preciso ir agora! –
diz Matt.
– Sempre suas obrigações em primeiro plano e
eu mais uma vez deixada de lado.
– Você sabe que eu preciso realmente ir.
– Espera, Matt! Tem algo que você precisa
saber.
– O que se trata, Suzi? – Ele se indaga. –
Eu estou super cansado!
– Eu menti pra você quando disse que
trabalhava com decorações.
– Eu já imaginava, Suzi. – diz ele. – Você
não me parecia decoradora.
Suzi sorri sem jeito e consente.
– Desculpe por ter mentido! Na realidade, a
minha profissão é outra. Eu sou prostituta! – diz Suzi, se revelando. – E
quando eu disse que queria uma relação firme e duradoura, eu não estava
mentindo. Eu desejo isso, Matt! Quero apenas ser feliz com você, se for
possível! Quero sair dessa vida e percebi em você, um cara admirável. Me
apaixonei por você.
Matt a encara e toca em seu rosto.
– Eu sinto desapontá-la, mas não sou o cara
certo pra você. Desculpe! – E sai porta afora, deixando-a sozinha no
apartamento.
Ao fechar a porta devagar, Suzi fica séria e
do seu olho, vem uma lágrima que escorre face abaixo.
“Eu nunca vou conseguir ocupar o coração
dele com a Christine por perto.”
Enquanto isso, Sr. Smith verifica alguns
arquivos e analisa um por um, lendo seu conteúdo e anotando alguns detalhes
importantes num pequeno bloco.
– Vejamos! Inicialmente, Regina foi
encontrada morta em um acidente automobilístico idêntico ao ocorrido com
Anderson, Dinorah foi morta em seu apartamento com cortes profundas e D. Juliet
morreu em uma explosão em sua própria casa. Deve haver algo em comum entre
estes fatos! – Ele pensa. – Então, a próxima vítima seria Justine ou Olivier,
já que também conseguiram pegar a Brendha, filha de Dinorah.
Ele decide ligar pra Matt e avisar sobre a
sua hipótese.
Ciente da situação, ele concorda e pede pra
polícia ficar atento.
O delegado decide se organizar em imediato.
Mais tarde, Suzi vai ao encontro marcado
pelo misterioso homem que a mantém contato e ela encontra um Ford Ka em sua
frente. O vidro escuro se abre e ela se mantém calma ao vê-lo. Em passos
firmes, ela se dirige até ele e abre a porta.
– Eu não disse que voltaria, Suzi! A partir
de agora, o jogo vai começar a mudar um pouco e eu vou dar um passo definitivo.
– Ele diz, com seriedade e um brilho no olhar. – Entre no carro! Precisamos
conversar um pouco.
Suzi entra no carro e se senta ao lado do
desconhecido homem, que a observa de cima a baixo.
– Você está linda, Suzi! Á cada dia que
passa, fica mais atraente, mais gostosa. Senti muito a sua falta ultimamente. –
diz ele, tragando um cigarro.
– Eu sei bem a falta que te faço.
Ele coloca a mão na coxa dela e deslizando
delicadamente pra baixo, diz:
– Você é uma mulher que ainda mexe com meu
coraçãozinho. Confesso que tenho ciúmes quando alguns dos meus clientes se
envolvem com você.
Suzi o encara com um olhar sério.
– Posso saber o que pretende fazer com o
Matt? – Ela o interroga, fazendo ele mudar de assunto.
– Minha querida, por que falar de negócios
agora? Vamos curtir a noite! Tomar umas bebidas. Transar loucamente como nos
velhos tempos. Faz tempo que eu estou querendo brincar um pouquinho. Aliás, não
sou feito de aço né! Tem um tempinho que estou querendo descabeçar o palhaço,
se é que me entende?
– Eu não quero fazer sexo com você, gatinho.
Acho melhor você guardar bem esse pinto!
– Suzi, assim você me decepciona mais ainda.
Tenho fetiches que pretendo realizar com você!
– Eu preciso saber qual é o seu jogo em
relação ao Matt.
– Mas que mulherzinha teimosa você é. Por
que o seu interesse nesse assunto? Eu não lhe disse pra ficar tranquila em
relação ao policial?
– Mas eu não acredito em você!
– Esse é o seu mal, Suzi! Mas se você não
acredita na minha palavra, o que devo fazer né? Eu só posso lhe adiantar uma
coisa: fica na sua e não se envolva mais nesta história. Muita coisa vai
acontecer e eu não quero perder a minha mina de dinheiro. – diz ele, tocando em
seus lábios. - Gata, você é uma mulher rara e cara! Fique longe do assunto que
vai ser melhor pra você.
Suzi
fica séria ao ouvir tais palavras.
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