Abertura de Encontros Casuais, obra que virou webnovela.
Kathleen, uma jovem de cabelos compridos
morenos e numa estatura baixa, com apenas 18 anos de idade, olhos castanhos e
magra surge na porta da casa de Fábio que a abraça contente por vê-la.
A expressão dela era totalmente
seriíssima.
- Algum problema, meu amor? -Pergunta ele
intrigado ao olhá-la de frente.
- Sim, Fábio. - Ela responde, chateada.
- Diz o que é que está havendo?
Ele fica preocupado.
- Eu estou grávida!
Seu tom de voz muda.
- O quê?
Ele fica pasmo.
Na sala, o diálogo termina em discussão e
nenhum dos dois consegue se entender.
- Kathleen, eu não quero que você tenha
essa criança. -Diz ele, cabelos negros, baixo, olhos verdes claros.
- O que você está me pedindo é um
absurdo.
- Então, cuide dela sozinha porque eu não
pretendo te ajudar, não.
- Você é um canalha! Se meu pai souber
que eu estou grávida e que o filho é seu, ele me mata. Você sabe como meu pai
age quando fica furioso. -Diz ela, aos prantos.
- Esse é um problema seu e não meu.
- Eu contava contigo. Pensei que
formaríamos uma família juntos quando essa criança nascer. Eu nunca pude
imaginar que você fosse tão irresponsável.
- Kathleen eu te amo muito, mas eu não
quero me responsabilizar por este bebê.
- Você jamais me amou, Fábio. Eu não sei
por que ainda estou falando com você ainda. Se você não quer se responsabilizar
por esta criança que está aqui no meu ventre, me esqueça. Se quiser, volte pra
sua ex-namorada que eu não me importo mesmo.
- Eu só quero que você entenda os meus
motivos. Eu tenho vinte e dois anos e não estou pronto pra ser pai. Meus pais
jamais suportarão essa ideia.
- E eu, Fábio? Como me sinto? Tenho
dezoito anos e ainda vivo nas costas do meu pai assim como você. Eu sou culpada
por ter cedido.
- Essa gravidez veio no momento errado. -
Ele fica irado. - Eu não quero
nem pensar no que meus pais poderão dizer.
- Você tem toda razão! Essa gravidez veio no momento errado e
você é a pessoa errada por quem eu me apaixonei e me entreguei de verdade. - Ela sai
agoniada porta afora e o deixa confuso na sala.
A casa de Kathleen ficava do lado da casa
de Fábio. Era uma residência de pintura amarelada nas paredes, portas e janelas
envernizadas, tinha um muro branco que cercava todo o jardim e havia flores
coloridas em todo canto. Ela morava com o pai Ezequiel, um homem simples e
rígido que cuidava sozinho do lar e de sua irmã mais nova, Keyla, que era
espevitada. Ezequiel fora largado da esposa há dois anos e faz de tudo para pôr
a filha caçula na linha, tal que Kathleen, como a mais velha, ele acreditava
ser a ajuizada e, portanto, dedicava o seu carinho maior. Pra ele, ela era o
seu maior orgulho e Keyla ficava excluída em algumas atividades. Mesmo assim,
ela não se importava com os mimos que ele dava à irmã mais velha.
Chegando em casa, Kathleen deixa a irmã
sair pra conversar com o pai. Ela decide contar-lhe tudo.
- Filha, o que tem de tão importante pra
me dizer que não pode ser adiado? - Inicia Ezequiel.
- Eu nem sei por onde começar.
- Comece pelo início, oras! -Ele diz.
De repente, a campainha toca e Kathleen
se cala, interrompendo a conversa.
- Eu vou atender a porta. -Diz Ezequiel,
disposto a abrí-la.
- Tudo bem. -Ela se angustia.
Ezequiel atende a porta e Fábio o
encontra.
- A sua filha está?
- Sim. Estou aqui. -Ela responde.
- Gostaria de falar contigo, Kathleen. -Ele
pede com a voz trêmula.
- Filha, eu vou deixar você conversando
com o Fábio e vou dar uma saída. Prometo que já volto num instante. -Interfere
Ezequiel, pegando o seu chapéu e saindo. - Não demoro ok!
- Por que veio, Fábio? -Ela pergunta, ao
deixá-lo sair.
- Eu vim te pedir pra você tirar esse
bebê.
- Será que estou ouvindo bem? Você vem na
minha casa com essa cara de pau me pedir isso de novo? Fábio se retire daqui
por favor! -Ela o expulsa.
- Me escute! Será melhor pra nós dois.
Ele fica mais sério ainda.
- Nada é melhor do que nós dois sermos os
pais pra esta criança porque um dia, ele vai precisar da gente.
- Isso significa que você vai realmente
criá-lo?
- Sim. Eu não vou ter coragem pra tirar
esse bebê que está crescendo aqui dentro. Eu vou trazê-lo ao mundo e ele será
muito feliz. Jamais se lembrará que o pai abandonara quando souber de sua
existência. -Ela provoca.
- Eu te desejo boa sorte, porque você vai
precisar e muito.
- É uma pena que nossa conversa termine
desse jeito. Por favor, não me procure mais, ok?
- Fique tranquila que eu jamais vou te
procurar. Eu só espero que o seu pai não lhe faça sofrer.
- Com meu pai, eu me entendo, Fábio. Mas
antes que saia por aquela porta, saiba de uma coisa: meu filho jamais vai ouvir
o seu nome.
- Faça como quiser Kathleen, só não me peça nada
em troca. Você vai estar me tirando um peso e tanto cuidando dele sozinha e me
tirando da sua vida.
Fábio abre a porta e a encara sério. Depois, sai
batendo-a com força.
Kathleen chora sozinha no sofá da sala.
Mais tarde, Ezequiel traz os pães da
padaria e a encontra na cozinha, preparando algumas guloseimas.
- Trouxe os pães. Estão quentinhos como
você gosta. - Ele deixa o embrulho na mesa e percebe o olhar triste da filha. -
Algum problema?
- Eu estava pensando em minha mãe. Será
que ela se lembra de nós?
- Pensei que este assunto já foi
explicado.
- Já foi, pai. Mas o fato é que eu não paro de pensar na
ideia de ela ter nos deixado.
- Filha, sua mãe tinha planos diferentes
dos meus. Eu sinto falta dela, mas não posso esquecer o que ela fez conosco.
Ela traiu a nossa confiança e acreditou que seria feliz sem a gente por perto.
Não se preocupe, minha filha. Ela deve se lembrar da gente, sim.
- Pai, desculpe ter de fazer lembrar
dela. Sei que o senhor já sofreu com esse assunto.
- Não se sinta culpada. Nós três somos
uma família unida pro que der e vier. Estamos entendidos?
- Claro, meu pai. -Ela sorri feliz,
servindo o café.
- Bom, você tinha algo pra me contar mais cedo. O
que se trata?
- Nada não pai. -Diz Kathleen, ocultando a
verdade.
Meses se passam e a jovem não consegue
contar o que vem lhe afligindo há tempos. Ela começa a ter enjoos e Ezequiel
desconfia ainda mais. Até a irmã caçula acha que Kathleen não está bem. Pai e
filha decidem conversar severamente.
- O que anda acontecendo com você, hein?
- Pai, não é nada grave. Não se preocupe.
- Eu não quero que minta pra mim, Kathleen.
- Pai! - Ela suplica as lágrimas.
- Eu não acredito que você está com um
problema simples de saúde, não. Você tem outra coisa e não quer me dizer.
Kathleen, olhe pra mim! -Diz o pai, já nervoso com a filha. -E diga o que você
tem pelo amor de Deus?
- Eu não tenho nada, pai. É sério!
Ezequiel encara a filha com fúria e
pergunta:
- Você não está grávida, está?
Kathleen não consegue disfarçar a mentira
e tenta desviar o olhar.
- Filha, responda! -Diz ele, forte e
alto, um pouco musculoso e com poucos cabelos na calvície.
- E se eu disser que estou? – Dispara
ela.
- Eu não acredito que você teve essa
coragem. -Fixa Ezequiel nos olhos da filha. - Você é o meu orgulho. Você é a
única filha que tinha todo o meu carinho, todo o meu respeito. Como pode fazer
isso comigo?
- Pai, não faça nada comigo. Eu não
queria que isso tivesse acontecido. - Ela se lamenta.
- Agora é tarde pra se arrepender, Kathleen.
Quem é o pai dessa criança?
- Eu não quero que o senhor entre nesse
assunto, meu pai.
- Eu já estou nesse assunto. Agora, diga:
quem fez isso contigo?
- Pai, promete que não irá fazer nada
contra ele?
- Kathleen, não me faça perder a
paciência contigo. Eu sei que você vai precisar do meu apoio quando essa
criança nascer. Como você vai se ajudar nessa situação? Ande, me diga! Por
favor, diz logo quem é o responsável por isso?
- É o Fábio, meu pai. - Ela confessa as
lágrimas. - Ele é o pai dessa criança que estou esperando há três meses.
Horas mais tarde, a mãe de Fábio, D.
Lurdes, atende a porta e encontra Ezequiel bravo.
- Que bom vê-lo aqui!
- Olá, D. Lurdes! O seu filho está?
- Não. Ele viajou pra Alagoas ontem. Por
que? - Pergunta a gentil senhora de cabelos longos morenos, estatura baixa e
gordinha.
- Seu filho é um irresponsável!
- Como? O que há contigo, homem, pra agir
desse jeito?
- Sabe o que há comigo? Seu filho
engravidou a minha filha Kathleen e não quer se responsabilizar pelo que fez.
- Ele fez isso? -Ela fica desolada.
- Sim. Ele fez. D. Lurdes, com todo
respeito que tenho da senhora, seu filho vai ter que assumir o que fez ou eu
serei obrigado a tomar uma atitude drástica, nem que eu tenha que caçá-lo até o
fim. Não adianta ele fugir de mim, não!
Ezequiel sai bravo da casa de D. Lurdes,
que fica preocupada.
Ela liga pra ele alguns minutos depois.
- Oi mãe! - Diz Fábio atendendo a chamada
dentro do avião.
- Posso saber porque engravidou a Kathleen?
A expressão do rapaz muda de repente.
- Mãe, aconteceu! Eu não evitei sabe?
- Como você pode ser tão irresponsável! Ezequiel
está bravo com você e ele tem toda a razão. Filho, o que deu na sua cabeça?
Você devia ter evitado isso.
- Agora não vai me julgar né? Aconteceu e pronto!
Oh mãe e eu não quero assumir essa criança. Eu pedi pra ela tirar, mas ela não
quis. Ela que assuma a responsabilidade sozinha. – E ele desliga o telefone,
deixando D. Lurdes perplexa.
A aeromoça lhe serve o café e biscoitos.
- Como você é linda hein? Sairia comigo um final
de semana desses? Você não iria se arrepender não.
A jovem fica sem graça e decide ignorá-lo e ele
sorri.
Daquele dia em diante Kathleen jamais
soube de Fábio. D. Lurdes quando tinha uma hora vaga do serviço, a visitava e
levava todo o seu apoio. Ela ajudava a jovem mãe que esperava o seu primeiro
neto. Ezequiel lutava com garra dia por dia pra ajudar a filha, mas quando o
nome de Fábio era pronunciado, seu ódio aumentava. Kathleen largou os estudos
pra se dedicar cada vez mais a gravidez. Keyla não deixava a família na mão.
Ela também fazia de tudo pra ajudar nos serviços domésticos. Enquanto isso,
Fábio desfrutava seu descanso e passava a rotina brincando, indo a festas,
mergulhando e aproveitando melhor a vida no estado de alagoas, sem se preocupar
com a situação que deixara pra trás. D. Lurdes sabia disso, mas ela era a mãe
dele. Ela a defendia em todo momento. A família de Kathleen tinha que lutar
sozinha pra conseguir criar mais um membro.
Seis meses depois, Kathleen se agonia ao
ver um líquido se escorrer ao chão.
- Pai! -Ela grita, desesperada.
- O que foi filha? -Ele atende ao seu
chamado.
- Minha bolsa estourou. -Ela se preocupa.
Ao ser levada pelo hospital ás pressas, Ezequiel
fica do lado da filha o tempo todo.
- Vai ficar tudo bem tá meu anjo! -Diz ele, a
apoiando.
- Eu estou com medo pai! -Diz ela, nervosa.
- Não fica Kathleen. Eu estou do seu lado ok! -Diz
ele, apertando sua mão fortemente e ela sorri alegremente com aquele gesto
dele.
As enfermeiras chegam e ajeitam a maca pra Kathleen
repousar e Ezequiel precisa sair da sala cirúrgica.
- Vai ficar tudo bem Kathleen! Você é forte e vai
conseguir gerar essa criança aí dentro viu? É só se manter calma e respirar
fundo. -Diz a enfermeira, tentando orientá-la e controlar o nervosismo da paciente.
Kathleen obedece à enfermeira e imagina seu filho
em seus braços naquele momento.
- Você já tem um nome pra ele? -Pergunta a
enfermeira, preparando os materiais cirúrgicos.
- Sim. Vinícius. Este será o nome. -Ela diz,
ofegante.
- Então vamos fazer o possível pra conhecermos o
Vinícius né?
Kathleen mesmo sentindo fortes dores no parto,
consente e a enfermeira se alegra ao ver a força de uma mãe jovem querendo
realizar o sonho de ter o primeiro filho naquela noite.
No hospital, Kathleen sofre de dor e os
enfermeiros pedem a ela mais coragem naquela situação.
As lágrimas escorrem pelo seu rosto no momento
que se ouve choros.
- Kathleen, você conseguiu! Seu filho
veio ao mundo. -Diz a enfermeira que corta o cordão umbilical do recém-nascido
e o levanta pra ela ver.
Kathleen sorri ao ver o
pequeno bebê ali nas mãos da enfermeira, que sorri feliz.*Sua degustação está na plataforma gratuita do Wattpad. Este conteúdo faz parte da primeira edição da trilogia denominada "Meu Filho, Minha Vida".
- Links:
Comentários
Postar um comentário
Deixe o seu feedback sobre o que ando postando regularmente!