Assim que Edmílson entra no ônibus para ir à
escola, Eleonora acena pra ele e decide regar as plantas do jardim. Ela
aproveita e joga um pouco de água sobre o seu rosto com a mangueira que cai
descendo pelo corpo e aquela cena paralisa a vizinhança. Os homens do bairro
ficam só observando a beleza da jovem se refrescando com a mangueira no quintal
da casa.
João Paulo nem consegue fazer pedidos direito do
pessoal da lanchonete e fica admirando de longe.
- João Paulooo! - Berra o gerente.
- Oi! O que foi?
- Está em que mundo hein? Cliente esperando. Vai
atender!
- Desculpa! Eu já vou! - E sai ele, rapidamente.
- Toma juízo rapaz! -Diz o gerente, bravo.
Enquanto isso, Eleonora jorra água por cima do seu
ombro e não se importa com os olhares curiosos ao redor. Um menino que estava
comendo sorvete ao ver a cena se lambuzou todo e a mãe pegou pelo braço e saiu
rapidamente.
- Não me tira daqui não mãe!
De repente, Bárbara se aproxima do portão e
encontra Eleonora tomando banho de mangueira. Gracindo se prepara para tirar
ela de uma possível confusão.
- Você conseguiu de novo né feiticeira?
Eleonora vira-se a ela e responde:
- Do que está falando agora?
- Meu filho está envolvido por você novamente.
- A gente se ama.
- Ama nada! Você fez um trabalho para o meu filho.
- A senhora está doida. Eu só não vou respondê-la
por respeito.
- Macumbeira que você é! Estragou a vida da gente
e agora que as coisas melhoraram, está querendo estragar de novo. Desta vez
você não vai conseguir ouviu bem?
- A senhora precisa se tratar. Nem sei como seu marido
te aguenta.
- Seus dias estão contados Eleonora. Meu filho
pode estar cego de amor por você, mas eu não estou doida não e vou provar pra
ele quem você é de verdade.
- Meu bem, você não pode fazer nada contra eu e o
seu filho. Ele não é mais criança não. Ele sabe muito bem o que quer e eu vou
continuar com ele em minha casa.
- Vagabunda! Eu acabo com você! -Ela fica cheia de
ódio.
Gracindo a segura por trás.
- Vamos para casa mulher! A vizinhança toda está
olhando essa algazarra aqui.
- Fica se exibindo para o bairro todo e ainda diz
amar nosso filho. Sem vergonha! descarada! -Ela fica irritada e sendo levada
pelo marido que fica impaciente.
- Mulher doida!
-Pensa Eleonora, curtindo o seu banho de mangueira.
Suzane faz uma visita à Jéssica e as duas trocam
ideias sobre Danilo.
- Eu quero conhecer esse carinha que te faz tão
feliz amiga.
- E você vai conhecer. Tenho certeza de que vocês
vão ser bons amigos.
- Assim espero. Então já viu ele pela webcam?
- Ainda não.
- Mas o que está esperando? Já faz duas semanas
que vocês se conhecem e até agora nada?
- Eu preciso configurar a webcam do notebook.
- Entendo. Bom, vocês precisam se ver logo amiga.
- Tem razão. Ele é muito legal Suzane. A gente
conversa por telefone. Ele fala do trabalho, dos estudos, até dos sonhos dele.
- Humm. Que bom amiga que você arranjou alguém
especial né?
- Estava na hora né amiga. Tudo que quero é ser
feliz.
- E você vai ser Jéssica. Eu estou com você sempre
viu.
- Ele quer marcar um encontro.
- Acho ótimo. E você?
- Eu aceitei. Só que eu queria te pedir um favor:
vai comigo!
- Olha amiga eu não vou prometer porque você sabe
que eu tenho meus compromissos e não sei se conseguirei viajar com você, mas eu
vou tentar.
- Eu entendo. Obrigada de coração!
E as duas se abraçam felizes.
Enquanto isso na sala de aula, Danilo recebe a
prova das mãos do professor Juca.
- Deveria ter se saído bem melhor. - O professor
faz um comentário irônico e se afasta.
“Nota baixa! Acabou o meu dia!”
Ele fala pra si mesmo em tom baixinho.
Júnior comemora a nota que ganha na prova e fica
todo contente.
- Finalmente eu me saí bem em Física.
- Parabéns! -Ironiza Danilo, aplaudindo.
- Valeu mesmo! -Responde Júnior, dando de ombros.
Danilo sai da sala depois que a turma vai embora e
o professor Juca o chama.
- O que foi agora?
- Eu queria conversar com você Danilo.
- O senhor vai melhorar minha nota?
- Eu não vou melhorar sua nota na prova.
- Então o que deseja comigo?
- Eu apenas queria entender porque está se comportando
desse jeito, sempre tirando notas baixas e nunca prestando atenção nas
matérias. Danilo, você pode ficar de recuperação por mais um ano.
- Eu não me importo ok! Não gosto de estudar.
- Por quê rapaz? Os estudos são importantes para o
seu futuro. Sem conhecimento, você não é nada e nem consegue oportunidades.
- Olha professor, eu tenho meus motivos ok! Sei
cuidar da minha vida.
- Ah claro! Danilo, pare e pense na chance que
está perdendo. Você precisa dos estudos e isso pode te ajudar mais tarde. Mas
se você não liga a mínima, pelo menos o meu papel estou fazendo: ajudando quem
queira.
Danilo sai da sala e deixa o professor só
observando o seu jeito.
A noite chega e Edmílson fica ciente da situação
que houve entre Eleonora e sua mãe Bárbara.
- Mas ela não tem esse direito. Eu vou falar com
ela! -Diz o rapaz, tenso.
- Não amor! Deixa pra lá! Sua mãe sempre vai se
opor em nosso relacionamento. Não tenha dúvidas disso!
- Mas tesão...
- Amor, eu te amo! Deixa ela falar à vontade. Eu
não me importo mais com o que vem da sua família. -Diz ela, abraçando-o
fortemente e fazendo ele se acalmar.
As horas passam e a madrugada se aproxima.
Gracindo ronca na cama e Bárbara se prepara pra
sair do quarto. Ela vai à cozinha. Pega a farofa e o frango conforme a mãe de
santo tinha pedido que fizesse e sai de casa. Ao perceber que ninguém estava na
rua, ela entra pelo portão da casa de Eleonora e atravessa a casa, indo ao
encontro do quintal. Ao chegar próximo de uma árvore, ela decide cavar um
buraco com uma pá de lixo que havia trazido de casa e começa a cavocar no chão.
De repente, um cachorro surge no quintal e começa a rosnar. Bárbara se assusta
e joga a farofa e frango por todo lado, se espalhando no chão. E o cachorro a
olha enfurecido, pronto pra atacar.
- Oh céus! -Diz ela, sem saída e temida ser
devorada pelo cão raivoso.
Edmílson acorda com uns latidos e estranha. Ele
chama Eleonora que se levanta e acende as luzes da casa.
Nessa hora, Bárbara se sente indefesa e decide
jogar o frango próximo do animal que distraidamente, começa a comer.
- Isso
cãozinho, seja bonzinho e come direitinho tá!
E ela
aproveita e corre desesperada até o portão. O cachorro larga o frango e segue
ela correndo em sua direção latindo.
Bárbara sai pelo portão da casa de Eleonora
e entra dentro de sua casa, fechando a porta com toda a força, devido ao
desespero e assustando Gracindo que cai da cama abaixo e Katiele, que fica
atônita com o barulho que faz. E os dois saem do quarto ao mesmo tempo.
- O que houve mãe? -Pergunta Katiele ao se deparar
com a mãe, toda suja de terra e ofegante.
- Mulher? Por que está toda suja desse jeito? -Pergunta
o marido perplexo.
Bárbara fica sem resposta ao encarar os dois.
*PRÓXIMO CAPÍTULO: 20/03/19 - 20HS
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