Pelas ruas da cidade, Anderson tenta ser
veloz no volante a fim de distrair o carro que lhe segue apressadamente.
O Corsa se aproxima do seu Siena e choca o
pará-choque traseiro, fazendo com que Anderson fique irritado.
– Mas que droga!
Do outro carro, Suzi vibra por dentro.
– Você não vai escapar, não! – Ela pensa.
Anderson decide seguir na direção leste e
ruma direto pra uma ferrovia. Suzi percebe que não é uma boa ideia manter
velocidade e Anderson, preocupado com o que poderia acontecer se o pegasse
vivo, percebe que o trem estava próximo de seu rumo. Confiante de que podia
atravessar o caminho do trem, ele não reduz a velocidade, fazendo com que Suzi
sacasse o revólver e atirasse em um dos pneus. O Siena fica em estado de
extremo perigo e Anderson não consegue controlar o veículo, que gira e freia
com o pneu furado. O carro dele se choca
contra o trem em alta velocidade e é arrastado pela trilha afora. Suzi
finalmente pára o carro e se alegra ao ver a cena.
– Missão cumprida! Agora, você não atrapalha
mais!
E ela dá ré no carro e parte em imediato,
abandonando toda aquela chama nos trilhos.
Matt dorme tranquilo pela manhã quando o
telefone toca. Christine resolve atender e o chama.
– O que foi, amor? – pergunta Matt,
acordando.
– É importante! É o Sr. Smith no telefone. –
Ela avisa.
– Aconteceu algo, Sr. Smith? – Ele pega o
telefone das mãos da esposa.
– Oi, Matt! Desculpe ter lhe incomodado. É
que houve um fato que você não vai gostar muito, caro amigo.
Matt fica apreensivo e pergunta:
– O que houve, Sr. Smith? Diga!
– É sobre o Anderson. Ele acabou de falecer!
Matt fica irritado e Christine fica confusa.
– O que houve, Matt? – Ela pergunta
agoniada.
– Sr. Smith, como aconteceu? – Questiona
Matt, fazendo silêncio a esposa.
– O carro dele se chocou contra um trem,
Matt! Estamos suspeitando de um suicídio. – revela o delegado.
Matt fica sem palavras.
No
local, os policiais apuram o acidente de Anderson.
– Eu quero que a polícia fique alerta!
Devemos manter a segurança de todos os suspeitos. – Se revolta Matt. – Assim é
impossível resolvermos o caso.
– Matt, os meus policiais estão fazendo a
segurança de cada um deles. – diz Smith, pacífico.
– Não é o que parece, Sr. Smith! Já perdemos
dois suspeitos do círculo de amizade de Regina, sem contar que também perdemos
a própria. Está na hora de agirmos antes que mais alguém morra!
– E o que você quer que eu faça, Matt! Os
meus homens estão espalhados pela redondeza, sempre à nossa disposição. Você é
o responsável pelo caso!
– Eu reconheço que sou o responsável, mas
não sou o único que posso detê-lo. Eu preciso contar com auxílio da polícia,
Sr. Smith!
– Tudo bem. Eu vou tentar fazer o possível
pra contornar essa situação.
– Não se deve fazer só o possível e sim
também o impossível, Sr. Smith. – Ele sai chateado e o delegado fica em
silêncio.
Mais tarde, Suzi lê um livro, quando a
campainha é soada. Ela atende.
– Oi, você por aqui? – Ela pergunta ao vê-lo
na porta. – Sentiu minha falta?
Matt não responde e a beija nos lábios
ardentemente, fechando a porta. Suzi retribui seus beijos e não hesita tocar
seu corpo fortemente. Envoltos num jogo de sedução e desejo proibido, os dois
se entregam novamente um ao outro.
Horas depois, Matt se encontra com a cabeça
baixa e Suzi acorda, por entre os lençóis desarrumados.
– Você está bem? Eu nunca tive uma transa
tão boa assim! – Ela revela, envolvida por um lençol.
– Essa foi a segunda e a última, Suzi! – Ele
diz.
– Você não gostou, Matt? O que eu fiz de
errado?
– O problema não é você. Sou eu mesmo, Suzi!
Eu tenho família. Tenho uma esposa e um filho. O meu trabalho deve estar me
deixando louco. Só pode!
– Eu entendo, Matt! Eu não quero me tornar um empecilho em sua vida. Se
você deseja parar por aqui, eu vou entender!
– Eu amo muito a minha esposa, Suzi! Eu não
sei o que está havendo comigo que eu não consigo me controlar quando estou
perto de você. Você é linda, maravilhosa na cama, mas eu preciso parar! Eu
preciso me controlar mais.
– Matt, talvez no seu coração, algo lhe diz
pra você não desistir. Eu quero muito ficar com você. Quem sabe, o destino não
está lhe dando essa oportunidade. Veja bem: você e eu nos damos bem. Não foi
por acaso que nos conhecemos, Matt!
Suzi o abraça fortemente e diz:
- Fica mais um pouco, Matt! Eu quero sentir
o seu corpo, os seus lábios. Eu quero
ficar mais alguns minutos com você!
Matt vira-se a Suzi e o beija nos lábios.
Depois, se afasta e diz:
– Eu preciso ir agora! A nossa relação
termina aqui, Suzi!
– Se você diz, o que eu posso fazer, Matt?
Só me resta ficar em silêncio.
Espero que você esteja tomando a decisão certa.
Matt se levanta e coloca a camisa. Depois,
veste a cueca e a calça e põe os sapatos. De repente, o telefone toca e ele
atende:
– Oi, Christine! O que houve?
Suzi se sente magoada e vira-se pra
cabeceira.
– Matt, eu só te liguei pra saber se você
vai pegar o Renan na escola. Já passou das três da tarde.
– Caramba! Meu amor, eu esqueci do Renan! –
Ele fica agoniado.
– Matt! Onde você está com a cabeça? Seu
filho iria sair cedo hoje da escola. Parece que eram duas e meia. Se você não
tiver condições, eu vou entender. Eu vou tentar sair do supermercado agora pra
poder buscá-lo. – diz Christine angustiada.
– Não vai ser necessário. Eu vou pegá-lo na
escola. Em meia hora, estou chegando lá. – Avisa Matt e desliga. – Tenho que
ir!
Suzi se levanta e abre a porta pra Matt
sair.
– Então, é a nossa despedida?
– Não, Suzi! Vamos nos encontrar sempre, mas
como bons amigos que devemos ser a partir de agora.
– Tudo bem. Mas vou te dizer uma coisa:
quando você precisar do meu apoio, saiba que eu vou estar aqui sempre à sua
espera.
Matt entende o recado e sai porta afora.
Suzi fecha a porta.
“Esse já é meu! Vai comer na minha mão”
Ela pensa alegremente.
Nesse ínterim, Feliciano recebe a visita de
Olivier em sua casa. Ele se surpreende ao vê-lo.
– Confesso que nunca o veria em minha porta.
– Eu sinto muito incomodá-lo, Feliciano, mas
eu precisava esclarecer algumas coisas a respeito de tudo que está acontecendo
recentemente.
– Você está falando dos assassinatos que
andam acontecendo na cidade?
– Exatamente! – diz Olivier. – Não acha
muita coincidência o que está havendo com os amigos de sua ex-mulher?
– Sim. Acho! Mas o que está querendo me
dizer com essas palavras?
– Eu sei que você tinha fortes motivos de
querer ver os amigos de sua ex sumirem da sua vida.
– Não me
faça rir, Olivier! Que motivos eu teria de eliminá-los? Pelo que eu sei,
motivo maior eu teria com você, pois foi pego em flagrante com minha mulher
quando estávamos casados.
– Eu cometi um erro, mas não me arrependo. Você sabe que eu amava
Regina e que por ela, eu morreria.
– Claro. Eu sei o quanto você a idolatrava.
Mas o fato é que Regina está morta e você não pode me acusar de nada.
– Você a matou, Feliciano! Você a fez sofrer
cada segundo. Seu desprezo e sua arrogância a afastaram.
– Olivier, saia da minha casa antes que eu
chame a polícia por invasão de domicílio. – diz Feliciano, abrindo a porta. – E
não ouse mais me procurar. Você não
é bem-vindo aqui!
– Claro. Mas quero que saiba que eu vou
estar de olho em cada passo seu. – Ele sai porta afora e Feliciano bate à
porta.
O desconhecido vibra no telefone ao saber
que Suzi cumpriu sua missão.
– Está feliz por eu ter incentivado o
Anderson a morrer? – Ela questiona.
– Você fez o que era certo, Suzi! Ele
precisava ser eliminado.
– Por quê? – Ela se indaga.
– Existem muitos segredos envolvidos e você
vai ficar sabendo de tudo na hora certa. Não posso lhe dizer mais nada!
– Eu quero saber quando vai chegar a minha
hora de fazer a coisa certa?
– Hum. Você está se encontrando com o
policial?
– Ele decidiu se afastar por um tempo.
– Estou vendo que não anda cumprindo bem as
suas obrigações.
– Você sabe que eu sou boa no que faço.
– Não parece! Está deixando o cara se
afastar. O que anda havendo com você? Não aguenta mais?
– Olha só: eu já fiz o serviço que você me
pediu. Eu segui o Anderson e deixei-o na mira da morte. Agora, não acho que
Matt está envolvido.
– Suzi, você está apaixonada por ele?
– Você sabe que eu não me apaixono fácil.
– Entendo! Mas quero lhe dizer algo de suma
importância: o seu policial está envolvido nesta história toda, sim! Tem algo
que você não sabe, Suzi, mas Matthew é a chave fundamental para os meus
negócios.
– Como assim? – Ela fica em dúvida.
O desconhecido sorri com a pergunta.
– Fala, filho da puta! O que você sabe que
eu não sei?
– Você não vai conseguir me tirar mais nada.
Agora, foca no policial e transe bastante com ele, mas não se apegue.
Enfim, ele desliga.
– Filho da mãe! Eu te odeio, viu? – Ela fica
irritada ao perceber que ele não lhe respondera e decide pensar em algo para se
aproximar do policial.
A noite chega e Matt decide ir à casa de
Justine pra fazer-lhe uma visita e tentar obter mais informações a respeito de
Regina e seus amigos. Como sempre gentil, ela aceitou prestar seu depoimento ao
policial investigativo e ainda, ofereceu-lhe um café bem quente e saboroso.
Após três mortes seguidas, o clima não aparentava muito agradável, mesmo assim
Justine o recebeu.
– Como você conheceu Regina? – Ele pergunta
a ela, que se mantém calma e atenta.
– Eu e Regina éramos amigas da faculdade.
Regina cursava pedagogia e eu, educação física. Nos formamos juntas. – diz
Justine, cabelos longos negros, olhos verdes claros e corpo magro. Tinha um
piercing na sobrancelha direita.
– Hum. E quanto ao Feliciano, como o
conheceu?
– Feliciano cursava contabilidade na época e
Regina o conheceu na faculdade também. Eu tive o prazer de conhecê-lo na nossa
formatura, quando Regina decidiu me apresentar a ele. No início, era muito bom
a nossa convivência. Ele era um cara super humorado, divertido e eu achei que
ele seria o par perfeito pra Regina. Tanto que ela acabou casando-se com ele,
mas depois...
– Depois o quê, Justine? – Ele a interroga.
– Ele se transformou num homem rude,
grosseiro. Um ser totalmente diferente do normal. Afastou as amizades da Regina
e não queria que ela saísse sem a sua companhia. Policial, Feliciano mudou da
água pro vinho depois que soube da traição da esposa com Olivier e com essa
situação, achou que eu, Anderson e Dinorah sabíamos de tudo. Eu juro a você que eu não imaginava que Regina pudesse
trair o marido. Eu sabia que Olivier era apaixonado por ela, mas jamais soube
que eles teriam um caso escondido após o casamento.
– Regina nunca lhe confessou que estava
tendo um caso?
– Pra mim, ela não disse nada. Eu soube do
caso dela com Olivier, depois que Feliciano e ela tiveram uma briga feia. Ela
estava péssima com a situação e não teve coragem de falar a verdade. Mas a tia
dela Juliet comentou comigo o que havia acontecido e eu fiquei surpresa. Tentei
dialogar com ela, mas ela não me deu
ouvidos. Ela ficou em silêncio e jamais tocou no assunto. Eu queria muito
ajudá-la, porque a conhecia há anos, mas acho que no fundo, ela não queria
falar sobre o assunto. Então, deixei de lado.
– Entendo. Você falou que os dois tiveram
uma briga. Depois dessa briga, você acreditou que haveria uma segunda chance de
eles voltarem às boas?
– Sinceramente, acreditei sim. Regina
gostava de Feliciano embora tivesse atritos com ele de vez em quando. Ela nunca
admitia, mas no fundo ela o amava. As brigas que aconteciam sempre acabavam
bem. Feliciano nunca lhe agrediu fisicamente. Ele apenas tinha um jeito rude.
Mas nunca deixou de cumprir as suas obrigações. Pagava as contas dela e sempre
que possível, saía nos finais de semana pra se divertir ao lado da esposa.
– Regina nunca teve filhos. Por quê?
– Porque era uma coisa que Feliciano não
gostava. Ele não suportava a ideia de ter um filho ao lado de Regina. Ela
desejava muito isso, mas ele não quis. Então, Regina se sentia chateada às
vezes por não ter uma criança dentro de casa, pra lhe fazer companhia.
– E então, ela decidiu se relacionar com
Olivier pra tentar afastar um pouco a tristeza que sentia?
– Possivelmente, policial! Regina era uma
pessoa muito sozinha e Olivier poderia ser o amante perfeito pra ela. Ele era
diferente de Feliciano e havia muito carinho entre os dois.
– Fico aqui pensando por que Regina se casou
com Feliciano e não, com Olivier já que havia tanto sentimento assim. – diz
Matt, colocando a mão na boca pensativo.
– Não sei, Matthew. Nunca entendi o porquê
dessa escolha.
– Você chegou a vê-la antes de sua morte?
– Alguns dias antes, sim! Ela estava
trabalhando na farmácia e eu fui cumprimentá-la. Conversamos um pouco e ela me disse que estava se sentindo feliz.
Tudo parecia normal. Desde que ela se separou de Feliciano, a sua vida tinha
sido uma maravilha.
Matt ficava atento a cada detalhe que
Justine relatava e anotava em seu caderno. Após o depoimento, ele se despediu
da jovem e entregou-lhe um cartão, avisando se existisse algo mais, pra não
hesitar em lhe procurá-lo.
Justine agradece e fecha a porta.
– Sr. Smith, quais são as novidades por aí?
– pergunta Matt ao telefone.
– As novidades é que a perícia descobriu que
Anderson não pode ter sido o responsável pelo acidente na ferrovia. E tenho
mais uma informação! Havia um telefone próximo ao volante do carro e ele
conversou a poucos minutos antes da situação ocorrer. Graças a Deus, conseguimos
analisar a última ligação feita no aparelho através de um rastreador.
– Mas isso é ótimo! E vocês descobriram quem
falou com ele antes do acidente?
– Essa é a parte chata. É uma ligação
anônima. Não conseguimos saber quem era a pessoa, mas pela conversa, teve uma
duração de trinta minutos. Bastante tempo, né pra se dizer o contrário?
– É verdade! Bom, mas mantenha contato. –
pede Matt, desligando.
Sem saber que estava sendo seguido por Suzi,
Matt volta pra casa e a jovem já encontra uma boa alternativa para se aproximar
dele ainda mais.
“Descobri sua casa, amor.”
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