Pela estrada,
um carro segue em direção ao norte. A noite estava bem fria, trânsito calmo e
sem nebrina. Enquanto dirigia, ouvia sua playlist de músicas internacionais
favoritas, inclusive canções de Lana Del Rey.
E de repente, ela sente perder o controle do volante no qual a deixa
assustada. O veículo atravessa a pista e a motorista não consegue controlar seu
próprio carro, que aparentemente estava dentro de sua velocidade normal e subitamente,
este acaba caindo da ponte abaixo e se chocando contra o mar, se tornando submerso
por algumas horas. A mulher que estava no volante tenta se salvar de dentro do
carro, mas presa pelo cinto de segurança e se sentindo tensa em meio às águas
tão gélidas naquela escuridão, a respiração se torna enfraquecida. Sem ter como
se livrar daquele carro que afundava aos poucos, a mulher tenta lutar contra a morte.
Ela só queria sair daquele automóvel viva e suas tentativas se perdem a cada
momento. Cansada, ela acaba se entregando para aquela trágica situação e acaba
não resistindo. Apenas uma bolha de suspiro sai-lhe da boca.
No dia seguinte, o policial Matthew recebe
um telefonema alguns dias antes de sua mudança e seu rosto demonstra seriedade.
Percebendo a expressão do marido, enquanto lava as louças, Christine questiona:
– O que aconteceu, Matt?
– Eu acabei de falar com o Sr. Smith pelo
telefone e ele me deixou um caso complicado em minhas mãos. – relata o policial
sério.
– Não! Você não aceitou, né? – Ela deixa as
louças de lado e pergunta severa.
– Querida, eu sou um policial investigativo.
– Matt, e as nossas mudanças? Você não disse
que daria um tempo no seu trabalho pra resolvermos as questões da nossa casa?
– Eu sei que prometi a você, mas eu preciso
verificar esse caso. Aliás, eu posso cumprir com as obrigações da casa e
trabalhar neste caso do Sr. Smith.
– Você sabe que eu não aprovo o seu
trabalho. É perigoso e eu tenho medo de que algo aconteça a você.
– Nada vai me
acontecer, Christine. E esse não é o primeiro caso que resolvo.
Existiram muitos outros, mas eu não consegui resolver todos?
– Sim, meu amor. Mas só que eu não gosto de
vê-lo em perigo. Por que você escolheu essa profissão, hein?
– Meu amor, eu não quero discutir novamente
esse assunto.
– Tudo bem. Eu não vou mais comentar sobre
isso, ok!
– Obrigado! – diz Matt, lhe dando um beijo
nos lábios e saindo porta afora. – Mais tarde, estou de volta.
Sr. Smith toma seu café quando Matt entra
porta adentro do seu escritório na delegacia local, lhe questionando:
– O que realmente aconteceu, senhor?
– Matt! Que bom que está aqui. Sente-se aí!
– Ele o convida.
– Bem, eu estou preparado. Pode falar! – diz
Matt ansioso.
– Vou ser bem direto. Aconteceu um acidente
há poucas horas na ponte que une as duas divisas da nossa cidade e a vítima é
uma mulher chamada Regina Winston, esposa recém-separada do Sr. Feliciano. Ela
estava dirigindo sozinha e estava seguindo de carro para o seu trabalho.
– Hum. E qual era a profissão dela?
– Era farmacêutica. Tenho uma foto dela em
minhas mãos. – Ele lhe entrega a foto.
Matt analisa bem a fisionomia da moça e comenta:
– É uma mulher linda!
– E talentosa, Matt! – Ele completa.
– Alguma informação que causou o acidente?
– Ainda não chegamos à essa tal informação.
Contávamos com a sua opinião profissional.
– Certo. E a família? O ex-marido?
– Eu consegui localizar a tia dela chamada
Juliet. Já avisamos calmamente sobre a situação e alguns policiais estão em sua
companhia. Ela mora sozinha e é uma senhora idosa. Quanto ao Sr. Feliciano, não
conseguimos contatá-lo, pois ele se encontra viajando recentemente no exterior.
– Eu quero saber mais sobre a Regina.
– Tudo o que sei sobre ela é que vivia para
o trabalho e tinha um carinho enorme pela sua tia, a única família que restou
em sua vida. Morava num condomínio praticamente sozinha e às vezes, visitava
Juliet quando era possível.
– Então, ela não tinha pais?
– Tinha Matt, mas eles faleceram num trágico
acidente de locomotiva.
– Nossa! Preciso verificar o local, senhor
onde aconteceu o acidente dela! – pede Matt.
– Claro. Eu vou levá-lo até a ponte, onde
aconteceu o acidente. – diz Smith, abrindo a porta e saindo em sua companhia.
Minutos depois, os dois chegam ao local,
onde assistem o veículo ser retirado das águas profundas do mar, que circunda
toda a ponte. Com faróis acesos e piscantes, corpo de bombeiros e frotas policiais
movimentam a esquina e uma aglomeração de pessoas se reúnem pra assistir o
cenário de puro caos.
– O que você acha? – pergunta o delegado,
observando o jeito calmo do amigo.
– A vítima perdeu totalmente o controle do
veículo.
– Você acha que foi proposital?
– Não sei. Regina tinha inimigos?
– Não que eu saiba. Segundo Juliet, ela
tinha amigos próximos, mas não inimigos.
– Tem alguma informação sobre eles?
– Sim. – Ele lhe entrega um relatório
contendo nomes e endereços de cada um deles, principalmente da tia Juliet.
– Olivier, Justine, Anderson e Dinorah.
Apenas quatro? – Ele se indaga ao ler o documento.
– Sim. São amigos bem próximos de Regina e
conheceram bem a vítima.
– Posso lhe pedir um favor? – Ele pede.
– Sim, Matt! – responde o delegado, gentil.
– Assim que sair a análise do veículo, me avise e também, preciso do seu carro. –
diz Matt.
– Pra onde você vai com o meu Santana? –
pergunta o delegado, lhe entregando as chaves.
– Digamos que já estou no caso! E não se
preocupe: vou cuidar direitinho do seu belo carro, ok! – diz Matt, saindo
rapidamente e entrando no carro de Smith.
– Acho bom porque eu não quero comprar outro
tão cedo. – diz o delegado, irônico.
Mais tarde, Matt chega na casa de Juliet que
mesmo abalada com a morte da sobrinha, quis receber sua visita, e o atende
gentilmente. Depois de uma xícara de café, o assunto começa bem devagar.
– Eu sinto muito por Regina Winston. Ofereço
meus pêsames!
– A vida quis assim. O que se pode fazer meu
filho?
– Sei que o momento é inadequado, mas
gostaria de saber mais sobre a sua sobrinha.
– Policial, a minha Regina era uma mulher
muito bonita, forte, esperta, delicada e ao mesmo tempo, divertida. Tinha um
bom humor fora de sério e trabalhava como farmacêutica.
– E quanto ao recente casamento dela?
– Ela casou-se cedo com Feliciano. Ele era
um bom rapaz no início, mas tornou-se um homem ciumento e de má índole, o qual causou a separação. Mas
o senhor me desculpe, mas eu não quero falar sobre isso! Doí muito saber que
Regina não está mais entre a gente.
– Entendo, senhora! Saiba que eu estou aqui
pra ajudá-la.
– O que você pretende fazer, se informando
sobre Regina?
– Eu quero saber os motivos que fez esse
acidente acontecer e a sua sobrinha falecer desse jeito. Apenas isso!
– Tudo bem! O que sei sobre o Feliciano e
Regina é que a convivência deles foi difícil recentemente. Feliciano não
gostava das amizades da esposa e o casamento então, terminou de um jeito bem
complicado. Regina pedira o divórcio e ele não aceitara. Mas a justiça o obrigou
a dar a separação. O que você quer saber mais?
– Hum. Eu quero saber agora sobre os amigos
da sua sobrinha. Ela tinha algum inimigo?
– Não. Regina não tinha inimigos.
– E a senhora conhece os amigos dela?
– Sim. Sempre que podem, frequentam a minha
casa.
– Sei. E qual foi a última vez que a senhora
falou com a Regina?
– Hoje cedo. Estava saindo para o trabalho.
– diz Juliet.
– Ela resolveu dormir aqui em casa ontem.
– E ela estava bem?
– Claro, meu jovem. – diz a tia. – Tudo
parecia normal.
– Bom, isso é tudo o que eu queria saber. –
diz Matt.
– Quero agradecê-la pela atenção, D. Juliet!
Aqui está o meu cartão. Caso saiba de algo mais, não me hesite em me procurar.
– Meu filho, a minha sobrinha tinha um
desejo enorme de viver. Ela não merecia passar por isso. Se você tivesse tido a
oportunidade de conhecê-la, saberia disso. – declara a tia, pegando o cartão
das mãos dele.
– D. Juliet, seja o que for que têm
acontecido á Regina, eu saberei. Muito obrigado mesmo! Acredito que eu ia
gostar de conhecê-la sim. Fique com Deus!
– Ele se despede carinhosamente e sai porta afora.
Ao deixá-lo sair, Juliet fica admirando o
policial de uma forma caridosa e fechando a porta, se lembra de um
acontecimento com Regina e Feliciano. Ela se lembra de um tiro de revólver, o
qual a deixa abalada e sem chão.
Chegando próximo ao carro, Matt telefona pra
Smith.
– Então, você acha que ela sabe de algo? –
pergunta Smith ao telefone.
– Creio que sim. Ela ficou muito séria
quando lhe perguntei sobre o casamento de Regina com Feliciano e me pareceu, Sr. Smith que existe algo mais
nesse caso.
– Matt, acredito que temos um pepino pra
fatiar.
– Senhor, o meu próximo passo agora é falar
com os amigos da vítima. Vou falar com cada um deles.
– É uma boa iniciativa. Você já esteve no
apartamento de Regina?
– Ainda não. Me passa o endereço. – pede o
policial.
– Anota aí! – diz Smith, ditando.
No dia seguinte, Matt entra numa lanchonete
e faz um lanche antes de ir ao apartamento de Regina. Ele paga a conta e sai.
Nesse ínterim, um carro Palio prata pára em
frente a um salão de beleza e do veículo, sai uma mulher bem-vestida e
atraente. Ela era loira e tinha cabelos curtos, usava um vestido discreto rosa
e sandálias de bico fino. Corpo estrutural de modelo, seus olhos estavam
ocultos por óculos de sol e uma pinta identificava o seu rosto. Ela começou a
dar passos em direção à um prédio e os moradores do bairro a olhavam de cima a
baixo.
Chegando na portaria, ela se identifica e
pede um apartamento. Recebe as chaves da mão do porteiro Serapião, que pede
para o funcionário apressar a levar as malas dela. Um sujeito qualquer se
aproxima e tenta puxar conversa.
– E você, gostosa? Não quer ir para o meu
quarto?
Suzi o ignora e toma o elevador sem pressa
acompanhada do funcionário. Ao abrir a porta, o funcionário deixa as malas ao
lado e lhe deseja uma boa estadia.
– Deseja algo mais senhorita? – Ele
pergunta.
– Sim! – Ela responde, simpática.
– Pois não! Em que mais posso ajudá-la?
Suzi se aproxima do rapaz e o pega pela gola
da camisa, o deixando um pouco assustado. Ela se aproxima do ouvido dele e diz
em tom baixo:
– Você é bem gostosinho!
Ao ouvir aquilo, o funcionário fica todo
bobo e quando ia estender mais o papo, Suzi o dispensa.
– Obrigado pelos seus serviços! Quando
precisar, te chamo!
E ela já o coloca da porta pra fora e fecha
deixando-o sem entender nada.
Matt também se encontra no prédio. Chegando
na recepção, ele pergunta pelo apartamento de Regina e se identifica como
policial, mostrando-lhe o distintivo. Serapião informa-lhe e em seguida, ele
toma o elevador. Chegando no corredor, Matt procura pelo apartamento de Regina
quando se depara com Suzi saindo do apartamento dela.
– Oi! – Ela o cumprimenta gentil.
– Oi! – diz Matt, corpo atlético, moreno,
cabelos negros, e de olhos castanhos.
Matt continua procurando pelo apartamento
quando de repente, encontra. Ele tira do bolso as chaves e decide abrir.
Suzi fica admirando o rapaz, que acaba
cruzando os olhares com os dela.
Assim que abre a porta, o policial entra
enquanto Suzi toma o elevador. Ele remexe em todos os guardados da vítima. De
repente, um álbum é encontrado por ele e várias fotos preenchem o seu conteúdo
por dentro. Matt descobre que Regina frequentava um resort de águas termais,
local onde seu melhor amigo Olivier trabalhava como segurança. Percebendo-se
que há uma caixa embaixo de algumas roupas íntimas, ele decide analisar.
Abrindo a caixa, ele se surpreende ao ver cartas, fotos, objetos pessoais,
jóias e maquiagem.
Em outro apartamento, o celular de Suzi toca
e ela atende.
– Oi! Acabei de chegar! – Ela avisa.
– Ótimo! Conseguiu achar o prédio? – pergunta
a voz do outro lado da linha.
– Sim. – Ela responde.
– Ótimo! Agora é com você! – diz a voz.
Assim que Matt sai do prédio, ele encontra
Suzi novamente e desta vez ela estava sentada num banco, mexendo no celular. De
repente, ela decide pegar um cigarro e ao ver o policial ali em sua frente
telefonando, ela arrisca se aproximar e pedir um isqueiro.
– Oi! Você tem algum isqueiro que possa me
emprestar?
Matt olha Suzi de cima a baixo e assim que
finaliza a ligação, responde:
– Sim! Tenho! – E ele tira do bolso o
isqueiro e a empresta.
– Muito obrigada! – agradece ela, acendendo o
cigarro.
– Posso saber como se chama? – pergunta Matt
ao observar o decote da jovem.
– Suzi Vielmont. – responde ela, tirando os
óculos devagar e entregando-lhe o isqueiro.
– Matthew Coimbra. – responde ele, gentil,
decidindo apertar a sua mão.
Suzi retribui o aperto de mãos e olha pra
ele de uma forma bem provocante.
Matt fica fascinado por ela e a troca de
olhares é muito nítido entre os dois.
– É um prazer conhecê-la Suzi! – diz ele.
– A satisfação é toda minha, Matthew. O prazer
vem depois.
– Pode me chamar de Matt! Sou mais conhecido
assim.
– Que legal! Bom saber disso.
A partir daquele encontro, tudo pode mudar.
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